Estou convencida! A comunicação não é possível. Cada qual possui seu próprio universo de significações, o qual, no limite, é inacessível, talvez até mesmo para seu próprio operador. O signo pode ser o mesmo, idêntico, mas o significado, ainda que aproximado, será outro. Quando um indivíduo enuncia que deseja comportalhir um x com outra, algo que para o que enuncia remete à alegria e prazer, poderá ter de conviver com uma reação negativa. Esse mesmo x prazeiroso para o enunciante pode remeter o receptor a uma experiência desconfotável, desagrável e mesmo hostil. Qual a solução? Enunciar cada palavra com um manual explicativo? Bom, isso talvez resolvesse, mas daria um certo trabalho e nem todos estão dispostos a tais esforços. Mas, e quando o enunciante não é capaz de elaborar seu próprio manual explicativo, porque ele próprio não dá conta de acessar seu universo de significações? Neste caso, resta a violência, a agressividade, o ressentimento e a vingança. Não, não é loucura. Minhas considerações, como de costume, são extremamente banais. Há tradições de pensamento – mal compreendidas por mim, ainda – que concordariam com minhas palavras e suas significações. Aliás, caso vocês ainda não tenham se dado conta da origem das minhas considerações é porque ao invés de estarem lendo a PORRA DUM LIVRO, continuam nutrindo suas vida interiores com conteúdos menores. De qualquer modo, é com tristeza que constato a impossibilidade perene da comunicação. Assim, meus caros, não queiram compreender seus parceiros, nem exijam compreensão, afinal ninguém é capaz de elaborar tantos manuais explicativos. Como diria um certo poeta, que não é o Vinícius, deixem que os corpos se entendam.
Por Miranda Belvedere