terça-feira, abril 18, 2006

SIMON AVISA: “TODO JOGO PERIGOSO É PASSÍVEL DE DESMASCARAMENTO”

O famoso verso que Jim Morrison pregava no final dos anos 60 que diz “Your ballroom days are over, baby” (Os seus dias de baile acabaram, baby) nunca fez tanto sentido para uma pessoa nos dias de hoje como para a jovem Suzane Von Richthofen. O festival de cinismo e cara de pau que foi visto pelo Fantástico em 09/04 foi suficiente para revoltar não apenas as autoridades, como também a sociedade brasileira como um todo.

Todos aqueles que possuem um pouco mais de massa cinzenta sabem que o circo televisivo como um todo não passa de uma encenação generalizada. Tramas e personagens pululam como pulgas saídas do picadeiro cujo texto a decorar são as falas que se chamam de vida real – Simon explica: os noticiários, as novelas e os outros programas apresentam uma “realidade” tão insólita que muitos de nós acreditam que as ruas do Rio de Janeiro são parecidíssimas com as ruas de Bagdá, que no reino dos famosos tudo é glamour, perfume e champagne e que (supostamente) a bela Suzane se sentia arrependida de ter cometido tamanha atrocidade contra os pais anos atrás.

Não estou aqui para comentar a respeito dos feitos da jovem no passado (quando ainda era bela!), mas para discutir a encenação que ela fez na frente das câmeras da TV: num primeiro momento, até eu cheguei a acreditar que Suzane sentia remorso por seus atos, porém, ao ver a grande armação armada por advogados e amigos da menina, constatamos que o suposto quadro psicológico da “menina” não estava em frangalhos... Tratava-se de um blefe tamanho família para que nós, sociedade, fossemos convencidos de que até os mais monstruosos eram dignos de nosso perdão.

Sinto, Suzane, mas desta vez você não conseguiu... Try again, darling! If you can, of course! Daqui a umas trocentas doses de café pode ser que você consiga...

O mais desconcertante para mim não foi ver o grau do cinismo da criminosa (que se assemelha à qualidade da encenação daquelas atrizes mexicanas H-O-R-R-O-R-O-S-A-S), mas a empáfia e a arrogância de seus advogados perante e por trás das câmeras da TV Globo. Quando eles diziam para a menina o texto a ser apresentado na frente das câmeras, palavras que eram também de uma qualidade horrorosa, não pude esconder o grau de revolta. O que me incomodou não é o simples fato deles armarem esta mentira toda por interesses acerca dos bens de Manfred Von Richthofen, o pai assassinado, mas sim a crença de que NÓS, telespectadores, acreditaríamos nesta construção dramática barata! Subestimar a minha inteligência é o que mais me irrita neste mundo.

Uma das mentes mais brilhantes dos últimos tempos, o saudoso escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, avisava que “Tudo que é humano não me surpreende!!”, e tendo a concordar com ele! Não me surpreendo com a frieza típica dos psicopatas que vi estampada no rosto e na triste figura (o que aconteceu com o corpo daquela musa do crime?) de Suzane Von Richthofen. Não me surpreenderia se a televisão, daqui a um dado espaço de tempo, deixe de apresentar provas que incriminem a ex-namorada de Cravinhos para defendê-la publicamente ou apenas ficar de braços cruzados, ao invés de fazer justiça em relação aos assassinados, como também ao jovem irmão da criminosa, que foi condenado à orfandade por simplesmente ser irmão de alguém sedento por dinheiro e liberdade absoluta! Que o futuro aja por si só...

Por essas e outras, Simon avisa: “todo jogo perigoso é passível de desmascaramento”. As máscaras de Suzane não apenas caíram, mas foram pisoteadas, cuspidas e malhadas como bonecos de Judas destruídos em pleno Sábado de Aleluia! Antes de pensar em jogar e brincar com a inteligência alheia, pensem no peso das máscaras que caem...

Enviado por Mr. Simon