segunda-feira, junho 26, 2006

O Mestre

Era uma quarta-feira de tarde quando recebo uma mensagem: “Eu vi o Dalai Lama! Eu vi o Dalai Lama!”.

Dalai Lama estava no Brasil, no final de abril, para um série de eventos. Nesse mesmo dia conversei pelo telefone com a pessoa que enviou a mensagem anteriormente: “Agora eu entendo, Joy, o que você quis dizer sobre o que é estar na presença de uma pessoa iluminada!”

Havia uma energia diferente em suas palavras. Havia, sobretudo, alegria!

Dalai Lama é um mestre, pelo menos essa é a imagem que temos dele.

E quando pensamos em um mestre, nos vêm à mente uma série de qualidades: amor, compaixão, integridade, alegria, compreensão, honestidade, sinceridade, paciência, iluminação, equilíbrio, sabedoria, auto-aceitação, discernimento, perdão, bondade, gratidão, comprometimento, humildade, consciência, entre outros.

O mestre nunca é mestre dos outros e sim mestre de si mesmo. O mestre não vai ensinar aos outros a verdade e sim fazer com que as pessoas descubram a sua própria verdade! O mestre não vai liderar os seus discípulos, nem dizer a eles o que eles devem fazer. Vai apenas compartilhar suas histórias e experiências e emanar, em cada gesto e palavra, energias puras como amor e alegria. Para o verdadeiro mestre, basta ser ele mesmo um exemplo vivo das suas melhores qualidades para fazer a diferença. É o farol que ilumina a escuridão para que os barcos possam decidir a sua rota e seguir o seu próprio caminho mar adentro, seja qual for a escolha feita. Ele funciona como um espelho: nos vemos refletidos em sua imagem e isso nos desperta a buscar todo o nosso potencial, o melhor dentro de nós!

Mas, o principal é que o mestre sabe quem ele é!

Quando descobrimos quem somos, passamos a compreender as nossas atitudes e temos a consciência do que precisamos melhorar, sempre buscando a evolução!

E quando isso acontece, nos tornamos mestres... de nós mesmos!

Enviado por Joy







terça-feira, junho 20, 2006

SIMON ENTEDIA-SE: O BRASIL EM TEMPOS DE COPA!

Sim, sim, sim, eu tenho que confessar a vocês: faço parte dos pouquíssimos brasileiros que não se sentem nem um pouco entusiasmados com os jogos do Brasil na Copa do Mundo de Futebol! Respeito muito quem torce e escreve pela Seleção Brasileira de Futebol (inclusive o Mr. Rufus Melancólico, meu colega de Cafeína, um Lord nelsonrodriguiano das palavras, que escreve aqui às quartas). Enquanto a Alemanha (e o resto do mundo) estremecem com o movimentar de bolas, jogadores e redes (doletas e marcos alemães também, por quê não dizer?!), tenho que procurar algo mais interessante para fazer enquanto cornetas rugem, fogos de artifício estouram e pessoas berram “Brasil” de bêbadas pelas ruas!

Minha relação de farpas com os Mundiais de futebol já é de longa data: sempre achei um absurdo ver o Brasil parar de funcionar por causa da “Seleção Canarinho”. É impossível desfrutar de quaisquer serviços ou trabalhar em paz quando a “Pátria de Chuteiras” está em ação! O que mais me incomoda nesta coisa toda são as especulações a respeito do “Fenômeno”, o artificial sentimento de nacionalismo que se cria durante os meses de junho e julho de quatro em quatro anos e a euforia quase cega que diz que depois de levantar a Jules Rimet o Brasil vai dar certo, enfim: todo esse clima de suposta solidez que logo se desmanchará no ar! É uma pena constatar tamanho sentimento de paixão pelo nosso país se esvai completamente depois da final da Copa...

Uma sábia personalidade de nossa MPB certa vez afirmou que no Brasil há muitas antenas e pouca gente antenada. Não acredito que o Brasil seja repleto de tamanho radicalismo, mas sei que é preciso mais consciência por parte de alguns a respeito do assunto futebol – por que não há tamanha euforia em relação a outros esportes ou em acerca da figura da Daiane dos Santos, ela é tão brasileira e gaúcha quanto o Ronaldinho Gaúcho! Este ano é também um ano de decisões para nós: eleições presidenciais a caminho, pouquíssimas opções de voto para os eleitores, novas possibilidades de cometer erros parecidos quando conquistamos o Penta (ou não?)!

O maior tédio que toma conta de mim quando vejo os noticiários: discutem-se acaloradamente as feijoadas servidas em pratos de pedreiro que o Ronaldinho Gaúcho degusta com plena avidez, fornecem-se os detalhes dos chiliques que o Ronaldo dá ao dizerem que ele está mais para “Fofômeno” do que para “Fenômeno”... Ou seja: durante estes meses de junho e julho, as notas de Caras estão pautadas aos jogos que estão acontecendo na Alemanha. Sim, people, a Copa do Mundo de Futebol também é fofoca!!!

*

A única notícia relevante para mim vinda da Terra das Salsichas e do Chucrute até este momento foi a passagem do humorista Bussunda para o andar de cima. Infelizmente o Brasil perde mais um de nossos embaixadores do riso em tempos nos quais precisaríamos ainda mais de sua presença! Não havia crítico melhor das cretinices de Brasília, da programação capenga da Globo e de outros costumes menos nobres de nossa vida social. O Casseta & Planeta, muitas vezes, atuou como o Onbudsman da própria emissora platinada ao parodiar a programação a qual os brasileiros estão tão acostumados: o Jornal Nacional, o Fantástico e as novelas da TV ficavam completamente irreconhecíveis ao serem atirados no triturador humorístico dos Cassetas. E Bussunda, com sua irreverência e sua aparência inesquecível, era o elemento chave de tamanho humor!

A capacidade que o já saudoso humorista tinha em se transfigurar em personagens femininas inspiradas nas musas das novelas (a consagração plena das antimusas!), ou em jogadores de futebol marrentos, decadentes e sem talento ou na personificação parodiada de Mr. President Lula era de deixar os grandes atores de nossa Dramaturgia com inveja! E o homem definitivamente era um talento para as artes.

É uma pena, Brasil que tu perdes mais um de seus filhos tão cedo! Apesar de Bussunda ter nos feito rir bastante, muitas de suas críticas não eram para rir pura e simplesmente, e sim para pensar nos rumos que tu estás tomando! Talvez a morte do Sr. Casseta sirva para que muitos pensem a respeito dos males que os festejos excessivos e a mediocridade da programação da Vênus televisiva podem fazer a cada um de nós...

Enviado por Mr. Simon

segunda-feira, junho 19, 2006

De dedão

No acostamento, mochila nas costas, braço levantado, punho cerrado, mostrando o dedão. O balanço do polegar, no ar, indica o sentido desejado...

Nos meus 20 anos fui caronista de pequenas viagens de pouco mais de 100 km de distância. Foram algumas dezenas de caronas estrada à fora. Fato que nem Joy-pai e nem Joy-mãe sabem. E como esse blog é anônimo, não vão saber tão cedo...

Pegar carona na beira da estrada é uma arte. E como toda arte tem os seus macetes, como por exemplo não revelar o seu destino logo de cara. Quando o veículo pára, pergunte primeiro: “Para onde você está indo?”. Enquanto a pessoa responde, são alguns segundos disponíveis para se analisar o veículo e o caroneiro. Isso pode ser literalmente vital. Se não sentir uma boa vibração ou se você notar poças de sangue, pedaços de corpos, uma pá no banco de trás do carro, um 38 na cintura, garrafas de Sangue de Boi ou Caninha 51 vazias, enfim, perceber que algo pode estar errado, dá tempo de educadamente recusar a carona dizendo: ”Ah, obrigada, que pena, não vou para lá!” mesmo que este seja o seu destino final.

Nessa mesma época tínhamos (Joy and Friends) o projeto intitulado “viagem sem destino”. Esse projeto consistia em ir de carona, sentido interior, para qualquer destino. Quem decidiria? O acaso! Iríamos para onde o caroneiro fosse. Iniciaríamos a nossa jornada sábado de manhã. No período da noite dormiríamos em algum lugar (hotel, albergue ou pensão, no último caso, no banco da rodoviária) e domingo, provavelmente de tarde, voltaríamos para nossa cidade. Seria uma viagem “a la” Kerouac, mas, claro, sem tanta intensidade quanto o original americano. Bom, até hoje esse projeto literalmente não saiu do papel. E pelo andar da carruagem será apenas uma reminiscência do que poderia ter sido. Até porque, do jeito que as coisas estão hoje em dia, ir “de dedão” não faz mais o meu estilo! Vai que justo nesse dia, meu Anjo da Guarda resolve estar de folga?

Enviado por Joy

quarta-feira, junho 14, 2006

A PELOTA in ExF


Arte força drama glória.

Requinte poder vibração; angústia!

A narração não mente: são sete unidades de vitórias e seis dezenas de derrotados.

O prisma é particular de cada qual, e sob essa água navegam os gizes luzidos do pra sempre e do perecível. Porque nas costelas decompostas dos dados de azar as escolhas são rústicas, enquanto as falanges exaustas dos dados históricos são de um silenciamento ajuizado.

Antes deste singular “tempo de fazer amigos”, 17 Copas mundiais de futebol sucederam-se nos joelhos. 15 países diferentes organizaram esses certames que os dias dos Homens hão de não mais se esquecer. 69 participantes tiveram oportunidades cinematográficas na astúcia de quadriênios intervalos anuais. No entanto, somente 7 países, 7 nações, 7 bandeiras (Brasil, Alemanha, Itália, Argentina, Uruguai, Inglaterra e França), sobreviveram em melífluas de augustas e ásperas vivências nos minutos de pelejas, e postaram-se no eterno das enciclopédias de revistarias, cadernos, jornalões e livretos dessa vasta e densa vereda mundana... Porém, o que se inicia em território germânico é uma inspiração de tinta fresca numa folha polida.

O favoritismo é uma escama de pontiagudas querências de imperfeição!

Mas há na geográfica bota italiana uma beleza mística de envolvimento suprasumático com causas supostamente irreversíveis; Contudo, desta vez a força da azurra chega quieta, num sem som de silêncio esperançoso. A Itália, inconteste marco da escola futebolística, portentosa portadora de três taças do mundo, e de uma culinária de ladrões de bicicleta, temperada por molhos, massas e pães, é o calçado dum grupo elétrico!

Contra os espetos de estréia de Gana, as memórias inesquecíveis da República Tcheca, e os fuzis dos Estados Unidos, o quintal do papa chacoalhará os próprios guizos, teus sinos, as sinas!

Sem temores excessivos, a musculatura africana se resguarda de maiores vexames. E no estilingue, num dispor de confronto belicoso com os americanos do norte, os estadunidenses, os da maximização das coisas, os habilidosos e fortificantes republicanos da extinta Tchecoslováquia, os ímpares tchecos, são os fórceps do teste E. A algaravia bonita de ser vista, e ouvida, e sentida, e lida...

Fode-se aqui.

Se existem olhos mundanos que de esgueiro observam as matreirices que acontecem nos tempos de vida atual, tais olhos apostam e apontam um único selecionado, quase indomável, para a ceia final e a hegemonia irreversível: o Pau-brasil!

Não serão aceitos conformes, mas da Europa a Croácia corrói-se de inveja, da Oceania a Austrália se aferrenha em pesadelos, e da Ásia o Japão jaz em abreviações limitadas...

O grupo F, tratado como pai coruja e óbvio ululante do mais provável futuro campeão mundial de seleções do ano de 2006, da décima oitava Copa do Mundo da Fifa, de todos os adjetivos substantivados e versados em verbos conjugados numa contagem regressiva duma explosão entoada no bojo duma geração de reluzires incauto, é o colóquio, o monólogo do mais conhecido e pacificador uniforme de guerra!

O único país penta campeão do mundo, e o único país dos pelo menos próximos trinta anos a ser enxergado como o maior abocanhador de canecos desse tipo de charme que pára o movimento das ruas, que interrompe a rotina dos povos, que gera um público quase total da população desse planeta de dores, dessa humanidade de horrores, desse cotidiano de desprazeres, dessa vidatoa...

A bola é o mundo! Mas há quem não acredite...

O prisma é particular de cada qual, e sob essa água navegam os gizes luzidos do pra sempre e do perecível. Porque os destinos são lançados a esmo, e o Brasil têm braços e pernas compridas no frenesi dos verdes campos de grama...

Entretanto, fode-se aqui!

Enviado por Rufus Melancólico

terça-feira, junho 13, 2006

SIMON PARABENIZA: “SALVE ILUMINADA ABELHA-RAINHA!

Maria, queridíssima:

Tu que tens o nome da mãe de nosso Senhor Jesus Cristo e que também tens o nome composto da musa cantada há muito por Nelson Gonçalves quando este era um dos Reis de nossa rádio chegaste com plena dignidade e beleza à casa dos 60. Tu que fazes de nós, admiradores e sensibilizados pela sua arte, o instrumento de vosso prazer, sim, e de tua glória, de tua glória. Que continues por muito tempo fazendo de nós, brasileiros, o favo de teu mel, cavando a direta claridade dos céus e agarrando o sol de cada dia com uma de suas mãos.

Tu surgiste, de modo estranhamente Maricotinha, no cenário musical brasileiro em meio a protestos incisivos de nossa música perante a truculência de militares insensíveis, tu enfeitiçaste o Brasil com o vôo de um pássaro malvado e implacável que “pega, mata e come!”, mas com seu talento inconfundível e com a tua autenticidade e a tua dramaticidade, soubeste que ser “Musa da canção de protesto” era muito pouco para definir a beleza de teu canto e tua integridade artística. Decidiste que, naqueles anos 60, o melhor era cantar o nosso passado, resgatar a nossa tradição musical cantando Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues, Pixinguinha, Assis Valente, Wilson Batista, e as belezas do bom, velho e sábio Caymmi, o melhor tradutor de sua terra, a Bahia de todos os santos! Ao mesmo tempo, tu não desprezaste o que a tua geração nos trouxe de melhor: Caetano, Gil, Roberto & Erasmo, Edu Lobo, Gonzaguinha, Joyce, Torquato Neto, Sueli Costa, Ângela RôRô, Chico (ou Buarque, como tu chamas o monumental poeta-cancioneiro de olhos cor de ardósia!) e tantos outros que a sua colméia de sons abriga e já abrigou... Decidiste não participar da Tropicália comandada por seu irmão, mas nunca deixou de ser uma tropicalista avant la lettre, sempre iluminando o que existe melhor nas coisas de nosso Brasil!

No início da década de 70, tu surgiste ainda mais bela e sombria, com a sua Rosa dos Ventos de acordes dissonantes e perturbadores, encantada mais do que nunca, traduzindo através da canção e do auxílio poético de Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Batatinha e outros a Cena Muda e o estado de desilusão provocado pelo “coro dos contentes” com a barbárie e a mediocridade. Tu ficaste ainda mais dramática, quase beirando o trágico, fazendo do Drama individual e coletivo a tua matéria prima, a tua força primária de expressão! Tudo isso orquestrado pela batuta inconfundível de Mestre Fauzi Arap, que era o Maestro dos ventos musicais que tu emanaste a cada espetáculo. A força do humano desde sempre passou a ficar em ti, em teu canto, em teus gestos, em tua expressão, em tua voz grave...

Ainda nesta década de trevas, porém de muita criatividade, tu encontraste alguns de suas referências musicais primordiais: Chico Buarque de Hollanda, em 1975, uma de tuas maiores tradições, seu gêmeo de sensibilidade e versos em uma temporada de shows que virou um dos discos mais importantes da história de nossa música popular. E no ano seguinte, tu compartilhaste o palco com teus irmãos da Bahia: Caetano, o irmão de sangue, também gêmeo de versos e sensibilidade; Gil, irmão em energia e potencialidade e Gal, irmã siamesa, oposta a ti em leveza e no canto, mas complementar em sua estranha magia. Doces e infinitamente Bárbaros, os quatro encantaram o Brasil definitivamente com índios épicos, xangôs meninos, pássaros proibidos, fés cegas e facas amoladas, revelando, em pura gênesis, o que há de mais puro e bonito no seu amor, amando e deixando cantar e correr pelos quatro cantos de vossas artes...

Depois da reunião do quarteto fantástico baiano, tu seguiste pela década de 70 com seus Pássaros (o Proibido e o da Manhã) e chegaste ao ápice da popularidade com o Álibi de nossa canção, e no ano seguinte com o Mel de teu canto, conquistando cada vez os corações de nosso país. Tu adentraste a década de 80 com seu Talismã, garantindo a sua Alteza de Rainha de nossa música, com um poder de Diva e aflorando os Nossos Momentos de alimento e encantamento. Tu resististe às modas ordinariamente passageiras dos anos 80 com força e dignidade, sempre afirmando a liberdade de seu projeto estético, de seu canto ímpar, de sua singularidade. E tu nunca esqueceste de nos brindar com a tua criatividade, revelando um Brasil que poucos conheciam. Com a mesma dignidade tu atingiste a década de 90 em meio a ondas musicais sertanojentas e horrendamente dissonantes.

Entre o início e a metade desta década, tu surgiste belíssima mais uma vez, revirando o cancioneiro de Roberto & Erasmo de ponta-cabeça, despertando para o grande público exigente (e assumidamente truculento) de MPB a beleza e a leveza da obra destes dois. As canções que ele fez para ti passaram a ser as canções que foram feitas para todos nós. E assumimos de vez o que existe de mais lírico e apaixonado em cada um de nós. Sim, Roberto Carlos poderia ser “o cara”, ele poderia ser “quente”! Da mesma maneira que você alertou Caetano antes do Tropicalismo a respeito do Rei, você nos alertou que a majestade também poderia ser cool. Porém, tu também se cansaste das jogadas comerciais das gravadoras e recusaste um segundo convite para reler a obra de Roberto Carlos. Resolveste iluminar com teu âmbar elétrico novas sonoridades e encontraste talentos promissores e juvenis como Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero e Chico César, sem perder de vista Chico & Caetano. No ano seguinte, tu voltaste aos palcos pós-combalida de um câncer, demonstrando o que existe de mais bonito na Imitação da Vida. A tua voz continuava vitoriosa, sua força jamais secaria e o teu talento, amplificado por outros cinco mil auto-falantes.

Em 1999, tu desafiaste toda a nação musical e ouvinte das canções que tu cantaste para nós cantando “É o Amor”, de Zezé di Camargo & Luciano. Mais uma vez, você nos ensinou que bom gosto depende justamente dos olhos que vêem, mas principalmente da voz que canta e interpreta! E nada mais!

E na década de 2000, com a indústria fonográfica já amargando o gosto amargo de fel que produzira, tu provaste que música de qualidade ainda podia ser sinônimo de boas vendas com os seus trabalhos Maricotinha e Brasileirinho. Este segundo trabalho foi, para muitos, especialmente para este quem escreve, a revelação de um Brasil lírico, épico, esplendorosamente macunaímico, porém imperfeito; sem deixar de ser belo e feio ao mesmo tempo: a face e a contra-face do Brasil. Logo depois, tu buscaste a obra menos conhecida do poetinha Vinícius de Moraes, ressaltando a beleza de seus versos e de suas melodias ao mesmo tempo em que tu completaste 40 anos de uma carreira de glórias, sons, gestos e versos!

Minha paixão pelo seu trabalho começou quando tu trouxeste a obra dos Carlos para o grande público de MPB. Com isso, através de uma prima interesseira em ouvir os LPs dos meus pais, descobri o LP Mel dentre aquelas quinquilharias. Seu disco tinha sido um dos vários presentes de casamento deles (meus velhos se casaram no mesmo ano em que tu brindaste o Brasil com este disco!), e logo se tornou um dos meus maiores presentes auditivos por todo o sempre!

Em 18 de junho de 2006, é importante lembrar das palavras do radialista e produtor musical Walter Silva a respeito da RAINHA: “Bethânia é linda. Bethânia é única. Não houve mais nada; houve Bethânia”. Olhos nos olhos, ainda quero ver o bem que você ainda nos faz por 60 anos e mais! Ontem, hoje e para sempre! Feliz aniversário, Maria Bethânia! Que Iansã, Iemanjá e todos os santos te iluminem muito! Do Sr. Simon aqui que te agradece e que te ama bastante...

Enviado por Mr. Simon

segunda-feira, junho 12, 2006

Troca de Esposas


Hoje eu irei dar uma de Danuzah Coelho. Vou escrever sobre um programa de TV.

Mas, não quero dar prêmios, chinelinhos, etc, aliás, coisas que a Danuzah faz melhor. Quero apenas comentar sobre um programa em especial...

Na TV a Cabo há um canal que passa despercebido e que poucas pessoas assistem, chamado People + Arts. Nesse canal passa um reality show chamado “Troca de Esposas”. Esse programa consiste na seguinte dinâmica: duas famílias são escolhidas, previamente selecionadas de acordo com o seu perfil sócio-econômico, moral, ético, etc. As mulheres (esposas) trocam de casa e consequentemente de família durante um tempo, geralmente 10 dias. Nos primeiros 5 dias, elas têm que seguir as regras da casa, realizando as tarefas cotidianas que a esposa oficial sempre realiza. Após os 5 primeiros dias, as coisas se invertem, ou seja, a esposa trocada refaz as regras de acordo com o que ela quer e a nova família tem que seguir essas novas regras.

O mais interessante desse programa é que a produção escolhe muito bem as famílias. As famílias escolhidas geralmente possuem conceitos opostos em relação à determinados assuntos, além de estilos de vida distintos, gerando o conflito e ao mesmo tempo a percepção de que existem outras realidades e outros pontos de vistas. Por exemplo: num dos episódios, houve troca de esposas entre um casal lésbico e uma família ultra conservadora, religiosa e tradicional. Em um outro episódio, houve a troca de esposas entre um casal cujo marido fazia todas as tarefas da casa (a mulher ficava assistindo televisão na cama!) e com outro casal cujo marido não fazia absolutamente nada e a esposa fazia tudo. Em outro episódio houve a troca de esposas entre um casal muito rígido em relação à limpeza e tarefas cotidianas e outro casal mais liberal, com uma quantidade enorme de animais de estimação (mais de 25) andando pela casa em caos total. Dá para imaginar a confusão?

Enfim, cada episódio é uma nova história. E cada episódio é um novo aprendizado. No final, após a troca, os quatro (marido/esposa de ambas as famílias) se reunem compartilhando as experiências que tiveram durante o tempo em que as esposas estavam trocadas. E, para terminar, após um determinado período de tempo (semanas), os casais falam sobre o que essa experiência trouxe para eles.

Geralmente os casais envolvidos mudam de alguma forma. Às vezes percebem que eram muito rígidos em determinados assuntos ou tarefas, tornando-se mais flexíveis. Outras vezes modificam o seu cotidiano para melhor. Mas, na maioria das vezes, passam a dar valor a(o) parceiro(a) e à família que possuem. E só por isso, meus amigos, já vale o programa!

Enviado por Joy

domingo, junho 11, 2006

A VISITA

Há meses não os via e havia prometido uma visita. Nunca consegui amar meus avós, mas sempre adorei as tradições, por isso me esforçava para tomá-los, ao menos, como parte da minha história. Meu avô era mais fácil de gostar: alquebrado pela idade e pelos vícios, tornara-se um velho meigo e carinhoso. Calado as vezes; considerava-se um fardo para a família e ocupava-se apenas em curar suas feridas, tão doloridas e fétidas. Minha avó, contudo, me fazia horror: marcada pela vida com violência e profundidade, o tempo a fez amarga e rancorosa, doente e reclamona. Ainda assim, flutuando no carro de um novo amor, eu rumava para a casa deles. Parei no percurso, embora não soubesse porque, queria agradá-los e resolvi comprar-lhes um doce na padaria do bairro. Pedi para que o novo namorado aguardasse alguns minutos e, enquanto olhava as vitrines de tantos anos de infância, deparei-me com ele. O primeiro deles. O primeiro a percorrer meu corpo, a me invadir com violência, algumas vezes, e com carinho, em outras. O tempo lhe derá alguns quilos mais, tirara-lhe alguns fios de cabelo e o presenteara com uma aliança de casamento. Ele me reconheceu imediatamente. Tremeu como tantas vezes antes, sorriu, suou e, finalmente, me cumprimentou. Falou da casa nova, do emprego mediocre, da esposa maravilhosa, dos filhos por vir e quase falou da vida que não tivemos. Quis se desculpar por alguma coisa que havia me feito, muitos anos antes. Eu desculpei, sem dar muita importância. Resolvi-me pelo doce de chocolate, paguei, me despedi, entrei no carro e tentei lembrar porque mesmo havíamos namorado. O que mesmo me atraia nele? Não consegui lembrar e segui para a casa dos avós. Eles adoraram o doce e o novo namorado. Meu analista, por sua vez, adorou a fantasia e por cinco sessões discutimos os detalhes do meu encontro fictício com o primeiro dos meus homens...


Enviado por Miranda Belvedere

sábado, junho 10, 2006

A Beleza e a Feiura da Inocência


Como é bom ver os jovens! Apesar de sê-lo, não optei em assim agir. Vejo ao longe, com meus 29 anos, jovens de 60, 40, 20... Vivendo a vida de maneira despretensiosa e rampeira. Que delícia é viver assim. Mas ao longe. Bem ao longe.

Dia desses encontrei uma jovem. Nos dois sentidos. 14 anos, mas afirmando ter 16. Ah, essa juventude! Sua mãe contava a mim mais um caso: o cabelereiro da Vila morreu. Mas seu legado já havia sido roubado por seus funcionários, com o aval da família do defunto, que há anos não o via. "Você viu, menino? O que é a vida!". Para mim a história faria sentido num vilarejo em 1520. Mas aconteceu perto da Avenida Paulista, centro da maior cidade brasileira e sulamericana.

Quanto a filha, tudo aquilo era uma bobagem. "Ele não morreu, mãe. Já disse. Quando vocês descobrirem vai ser tarde demais" afirmava em tom de ameaça. "Tudo é uma ilusão, nós estamos numa ilusão". Geração Matrix. Como disse, uma gracinha! Mas de longe. Bem longe.

Tentei explicar. Nos meus 29 anos, minha pele não é mais a mesma. Contei da minha vivência. Tenho uma avó com 86. Sua pele, de tão frágil, não pode mais se ferir. Não há proteção entre pele e osso, de tão... Fino, frágil. Seus ossos, ao cair, com certeza quebrarão. Está na minha frente, sinto com minhas mãos. "Você não entende. É uma ilusão" Está bem, touché. O desespero toma a conta da minha velh´alma. A burrice nesta geração é latente e patenteada. Não há como mudar ou pensar diferente.

Lembrei de Cassiano Ricardo. Cada vez mais estes versos fazem sentido para mim:

“Diante de coisa tão doida

Conservemos-nos serenos

Cada minuto da vida
Nunca é mais, é sempre menos

Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser

Desde o instante em que se nasce
Já se começa a morrer”

Cassiano Ricardo

Contas. Dívidas. Amores. Amigos. E o tempo se esvaire pelas mãos.
Juro que procurei o fio da matrix. A tal pílula que tão piamente a juventude diz existir.

Mas não vi.

Nem eles, na sua inocência superficial, puderam provar. A burrice interna não permite.

Vai, Geração Neos... Vai ser Matrix da vida. Peguem uma corda e se dependurem por aí.
Que falta fazem Grandes Platos nesse mundo...

É duro ser jovem, cheio de energia, e aceitar o inevitável na vida...

Não posso mais julgar. É escolher entre a ilusão... Ou a dura realidade.



<<<<<Enviado por Simon Diz

sexta-feira, junho 09, 2006

Coke Ring







Gostaríamos de agradecer a todos os leitores, amigos e ao editor da Coca-cola pelo Top 10 no Coke Ring...

Valeu!

Enviado por Simon Diz

quinta-feira, junho 08, 2006

Lições duras do amor ou Sobre As Horas

Definitivamente, nos livros o amor é bem mais simples. E patético. Em filmes roliudianos, também. Nas duas afirmações existem exceções, é claro, e nelas me concentro hoje.

Mr. Simon, numa bonita homenagem, escreveu sobre o filme "As Pontes de Madison", dirigido por Clint Eatwood. Neste filme uma mulher com uma vida simples, conhece um fotógrafo (interpretado pelo próprio Clint) e se apaixonado por ele. E, após quatro dias de amor, opta por ficar sozinha. Leia o texto abaixo, compreenderá melhor.

Seria certo Francesca (eis o seu nome) abandonar o seu lar, sua família, e seguir com o seu novo amor? Não acredito nisso. Na vida tendemos a optar pelos extremos. Quando se imagina nas possibilidades, o que se pensa é: a) largar tudo ou b) ficar e se contentar com a vida. Por que precisa ser um ou o outro? Entre essas opções existe outra, a mais justa: o que seria melhor para ela?

Francesca é uma personagem e só consigo pensar estando em seu lugar e, somente assim: não sei o que é melhor para os outros, somente para mim. Neste caso, nenhuma das duas respostas me agradaria. Não sou obrigada a largar mão de tudo. Tão pouco gostaria de ficar, por obrigação, com meus filhos e marido. Seria uma injustiça comigo e com eles.

Se eu fosse Francesca, se estivesse em seu lugar, teria uma sede em conhecer o mundo muito grande. Este fotógrafo seria para mim um sinal. Jamais abandonaria meus filhos. Mas não estaria mais com o meu marido. Optaria por uma vida maior, por descobertas maiores.

Vejo como uma grande injustiça deixar de viver e colocar a culpa nos filhos. Ninguém tem culpa pelos nossos atos. Imagine os filhos desta mulher lendo o seu diário! Eu jamais perdoaria minha mãe.

Bem. Isto é sobre a Ponte. Vamos "As Horas", filme que trata, no meu ver, o mesmo assunto sob um outro ângulo.

Esta obra conta a história de três mulheres, todas elas tendo como base o livro "Mrs. Dalloway", de Virgínia Wolf.

A personagem
Meryl Streep again. Numa atuação espetacular, novamente. Ela é Clarissa Vaughn, escritora ocupada em planejar a festa para o seu melhor amigo escritor que está morrendo. Naquele dia, independente da vontade de todos ao seu redor, seu pensamento é esta festa. Quais seriam as melhores flores, pratos perfeitos para os dias, convidados... Tudo para não se aprofundar no principal problema. Richard, o aniversariante, quer morrer. Está cansado.

Clarissa não o compreende. Ele tem que viver, não por ele, mas por todos! Mas ele quer morrer. Egoísmo, excentricidade, loucura, satanismo? Enfim, isso não importa. O ponto é: a vida é dele.

A escritora
Outra mulher: Virgínia Woolf. Interpretada por Nicole Kidman. Perdida em sua loucura, cansada, doente, tenta escrever seu romance, "As Horas". Mas não vê sentido em sua vida. Seus sentimentos invadem suas entranhas de forma descontrolada e aquela mulher que só sabe pensar se perde neles. Ama seu marido, mas sente atrações estranhas até mesmo pela sua irmã. Tão contida, não consegue ordenar suas paixões e desejos. Tem aos seus pés um abnegado marido que luta pela sua vida, para que ela viva. E esquece, ele mesmo, de viver.

A leitora
Terceira e última: Laura Brown. Interpretada por Juliane Moore. Esta personagem, para mim, é a mais expressiva do filme e por isso quis escrever sobre ele hoje. Calma, você já vai entender.
Laura Brown é casada. Tem um filho. Está grávida de outro. E, certo dia, começa a ler o livro de Virgínia Woolf. Percebe, logo de cara, como é a vida. As pessoas fingem que tudo está bem e, como uma mentira contada mais de cem vezes, tudo fica bem. Ou deveria ficar. Se não estiver, é só fazer uma festa!

Então, Laura Brown deveria estar muito feliz. Era casada com uma marido trabalhador. Seu filho era saudável, carinhoso e inteligente. E se tudo estava um pouco monótono... Ora, vejam só! Havia o aniversário do seu marido. E o bolo! Tem como não ficar bem?

Mas não estava. O que havia de errado com ela, hein?

Laura não precisou falar. Quando seu marido chega em casa, em uma frase, resume toda a aflição desta mulher:

"Quer saber como eu me apaixonei pela sua mãe, filho? Pois vou lhe dizer. Quando fui para a Guerra, apesar de todos os problemas, não conseguia tirar da minha cabeça aquela menina estranha... Laura Brown. Ela era tão esquisita e parecia ser tão infeliz que eu pensava... Quando voltar da guerra vou casar com essa mulher. Ai sim, ela será feliz!"

Que presunção é esta? Como pode alguém ser dono da felicidade de alguém! Este homem deveria buscar a sua felicidade e não a dos outros. Em seu afã de ser herói destruiu a vida de Laura Brown. Com certeza não era este o seu propósito. Mas quem disse que o ser humano nasceu para ser superman?

Por aprisionar seus sentimentos, Laura era um vulcão. Sentia desejos, paixão por aquilo que não conhecia. Sentia atração por sua vizinha e via nisto uma loucura. Seu final, portanto, devia ser a morte. Mas a vida não é assim. E ela viveu. Abandonou a família. Filho. E foi ser bibliotecária numa cidadezinha.

Fim do filme. Surge a mãe de Richard (o escritor para quem Clarissa prepara a festa). "Eis o montro", anunciam. Eis a surpresa, sua mãe é... Laura Brown! Todos a olham, a condenam. Porque não foi como Francesca (e eis porque escrevi esta Bíblia sobre o filme "As Horas)? Porque não ficou com seu amado marido, seu lindo filho? Monstro, monstro! Segue o diálogo:

"Laura: É horrivel sobreviver a família, Miss Vaughan. E é claro, todos nos sentimos indignos. É uma sensação de não merecimento. O fato de sobreviver, e eles não... Ele me fez morrer no Romance, e eu sei porque.
Clarissa: Você o abandonou quando pequeno!
Laura: Sim, abandonei meus dois filhos.Dizem que é o pior que uma mãe pode fazer... Você tem uma filha.
Clarissa: Sim.
Laura: E você a desejou?
Clarissa: Sim!
Laura: Então você é uma mulher de sorte. Há horas na vida de uma pessoa em que ela se sente deslocada e quer se matar. Uma vez, fui num hotel. Naquele dia tive a idéia de abandonar minha casa assim que meu segundo filho nascesse. Um dia acordei, fiz o café, andei até o o ponto de ônibus e fui embora. Deixei um bilhete.
Seria ótimo poder dizer que me arrependi, mas o que é se arrepender? Se arrepender quando não há opção? É o que se pode aguentar.
É isso. Ninguém vai me perdoar.

Era a morte.

Eu escolhi a vida."

Foi o mais justo para ela. Pena que Francesca morreu.

Mr. Simon, obrigada pelo seu texto. Fez alguns neurônios se mexerem, como bem vê!

Mais sobre o filme:

http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/the-hours/the-hours.htm
http://cinefilia.fezocasblurbs.com/archives/001585.html
http://www.cinemando.com.br/arquivo/filmes/ashoras.htm


Enviado por Jussara Justa

quarta-feira, junho 07, 2006

A PELOTA in GxH

O indelével da vida: durante as noites os tons são escusos e durante os dias as cores se vão nos intensos.

São os azuis franceses contra os vermelhos suíços versus o rubro espanhol contra o amarelo ucraniano. Ou o verde das arábias na disputa com o branco tunisiano no embate com o ouro africano na contenda com o sangue asiático.

Tudo que é íris no lumiar. Luminar!

Os algozes se enquadram nas desavenças. As hastes levantadas, flamejadas, rodopiadas nos concentros de G e H são as de espreita. Os felinos da quietude. As idiossincrasias de passados sem tradição ou envelhecimento humano de imortalizados...

Já é de longe que a fúria dos toureiros espanhóis se arrefece quando salta da arena num bufar de chifrada colerizada e se atropela em tropeços nos próprios cravos de seu manto rubro enraivecido. A Espanha vêm com estandarte clubístico: dona do mais elegante campeonato nacional de clubes, a pátria dos quixotescos nunca que ergueu numa brabeza o troféu de maior resplandecer desse pedaço de terra. Na promessa sem coro de uma ineditez sem precedência, os sobrinhos de Pablo se esconderão num cartel de guaxes!

Suíça, Togo, Tunísia e Arábia Saudita formam um arco-de-cores manco: uma galinha de verdura, uma presciência alva, uma irresponsabilidade amarela, um cuco vermelho. Distantes de qualquer histórico favorável ou peça de engrenagem talentosa, os debutantes de Togo, a inocuidade saudita, o despreparo suíço, e a elipse tunisiana são candidatos fervorosos a uma destinada coadjuvância eclíptica dos luzimentos de um lugar ao sol. Ermitões da crônica de um paliativo festivo anunciado!

Há ainda, num foco de profundidade fotográfico, os suspeitos capitalizados: a Ucrânia do Leste esquartejado, e a Coréia dividida em dois pontos cardeais são os distintivos que se unem numa possibilidade gloriosa em meio ao breu de lunares e solares. Os puxados coreanos do Sul não mais terão o apoio da violência ensurdecedora de seu caseiro mar vermelho. Com currículo de estádios e avenidas inundadas nos dias de quatro anos atrás, os velozes e desesperados, os asiáticos mais bem colocados da história das Copas, se achegam para mostrar o é ou o não é! Enquanto que os pastos amarelados dos ucranianos brotaram no ínterim, o perigo de finalizações certeiras, arrancadas fulminantes, tabelas envolventes, e a caixa-surpresa!

Porém, o dominador comum é azul, Les Bleus: os franceses de tantas revoluções, e de tantas filosofias, e de tantas diretrizes, e de tantos vinhos, e de tantas culinárias, e de tantas literaturas, e de tantos cinemas, e de tantas pinturas, e de tantas histórias, e da Marselhesa, e de um título mundial vigoroso, surgem por entre os escombros da senilidade física, no derradeiro drible de sua imortalidade! Jogadores e torcedores reconhecem sua despedida. O tempo vai cruel no estabilizar dos órgãos e músculos, dos sustentáculos. A altivez e a derrocada são as opções de um fim de abraços entoados em iluminismos de uma vertente tão graciosa quanto lastimável... O término é sempre doído! E a França não deveria de acabar nunca.

Enviado por Rufus Melancólico

terça-feira, junho 06, 2006

SIMON RELEMBRA: “A BELEZA DE AS PONTES DE MADISON E ALGUMAS COISAS VITAIS....”

*

Belezas e (des)encontros



Parecia ontem! Eu tinha mais ou menos 14, 15 anos quando esta comovente produção cinematográfica dirigida por Clint Eastwood estreou nos cinemas e, logo depois, nas TVs por assinatura. Como eu não era cinéfilo na época (não sou até hoje, devo confessar!) e tinha a salvação de ter a TVA dentro de casa, tive o deleite de assistir esse filme estrelado pelo próprio Eastwood (que deu vida ao fotógrafo Robert Kincaid) e pela insuperável Meryl Streep no papel da fazendeira-dona-de-casa-mãe-de-família Francesca Johnson. O filme é baseado no romance da autoria de Robert James Waller e valeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz para Meryl.

A trama de As pontes de Madison (no original, The Bridges of Madison County)se inicia com a morte da personagem de Francesca, revelando o seu pedido de que seu corpo fosse cremado e que suas cinzas atiradas nas pontes do condado de Madison (contrariando seus dois filhos), próxima à fazenda onde devotou os melhores anos de sua vida. Com a abertura do testamento da mãe morta, os filhos descobrem os diários escritos pela mãe enquanto viva. Através das memórias da morta, mistérios jamais imaginados são revelados.

As memórias da personagem de Meryl iniciam-se com uma descrição da rotina de sua família, composta por fazendeiros numa fazenda do estado norte-americano de Iowa, um dos redutos da nação abençoada por Tio Sam e pelo puritanismo. Francesca, cansada da vidinha comum de Amélia mulher de verdade, sente-se aliviada quando o marido e seus dois filhos resolveram viajar por uma semana. Porém, as tão sonhadas “férias” são abaladas com a chegada do fotógrafo Kincaid: perdido, ele pergunta a dona-de-casa para quais lados ficavam as cobiçadas pontes para que estas fossem fotografadas para a National Geographic, revista para a qual o personagem de Eastwood trabalhava.

Uma paixão ardente fulminou os dois de maneira violenta e definitiva. Kincaid era um homem que tinha uma grande vivência das coisas do mundo, Francesca já tinha uma enorme avidez em explorar a grandiosidade do que existia do lado de fora de seu cotidiano chinfrim. Apesar do intenso sentimento que ligava os dois, a relação dos dois não resistiu: em nome do bem-estar de sua família, ela renunciou aos seus sentimentos. Quatro dias de amor puro, intenso e profundamente marcado pela beleza que nem o lirismo de Shakespeare poderia descrever. Porém, Robert Kincaid carregou para sempre o símbolo do amor de sua amada: um cordão de Francesca com uma bússola. Segundo a personagem de Meryl Streep, a lembrança serviria para conduzir seu amado pelos descaminhos da vida. E assim foi até a morte do fotógrafo.

*

Algumas coisas

O que me atraía neste filme, num primeiro momento, logicamente era a arrebatadora atuação de Meryl Streep, considerada por todos os críticos de cinema a melhor atriz de sua geração (fato do qual ninguém aqui duvida!!). No entanto, quando eu deixei de viver os meus tortuosos dias de adolescência e entrei pelos dias de homem feito, eu vi a importância que este filme possui para aqueles que pulsam de paixão, para aqueles que acreditam em histórias mirabolantes provocadas pelo sentimento, ou simplesmente para aqueles que amam.

Sim, eu também vivi quatro dias de amor intenso tal qual Francesca Johnson os teve! Quando vi a pessoa que eu amo pela primeira vez, as expectativas se multiplicaram tal qual uma progressão geométrica, o coração acelerou como uma Ferrari em atividade, suei frio, gaguejei, fiquei mudo, ri com leveza, amei com todas as letras do alfabeto grego, com todos os números romanos e arábicos, chorei desesperadamente de saudade e fui feliz em todas as instancias não só por mim, mas também por quem também foi tocado pela flecha do menino nu com o arco na mão! E assim estamos até hoje! Conjugando a primeira pessoa do plural como se fosse a primeira pessoa do singular sem a menor vergonha e pudor!

Depois de conhecer a criatura que hoje faz os meus dias mais ensolarados, fui assolado pelas dúvidas de uma relação incerta, onde ambos não se conheciam. Eu também tinha uma pessoa que também vivia comigo. E, principalmente, eu também morri de medo de apodrecer por dentro tal qual a personagem de Meryl: por isso, recusei a dúvida que se abateu sobre mim! Era tudo ou nada, e não quis saber da “solidez” existente num casamento que andava mais do que falido. Mandei tudo às favas em nome do amor! E enquanto não podia estar perto de quem eu passei a amar cada vez mais “neste mundinho de Deus”, eu também tinha deixado como lembrança da minha figura quixotesca um colar meu que adoro! E ao voltar para casa, a imagem de Francesca presenteando seu amado Robert com a medalhinha apareceu na minha frente! Por isso, foi inevitável não se esquecer do que ele diz a ela antes que ela tome a decisão final: há coisas que só acontecem uma vez na vida! E eu não poderia deixar correr o risco de que o raio caísse pela segunda vez no mesmo lugar...

O melhor de tudo isso foi descobrir que Amar (com letra maiúscula sim!) faz bem à pele e emagrece!

Descobri também que Amar não pertence às categorias de heterossexual, homossexual, pansexual e adjacências! Como diz uma pessoa muito sábia: “O negócio é amar!” Sem frescura e sem censura! Já dizia o Poetinha, e que seja infinito quando a chama estiver acesa! Lenha para a fogueira é o que não faltará para que corpos se acendam incessantemente, tal qual Zeca Baleiro e suas intérpretes o fizeram!

*

Devoted to you!

Mr. N, isto aqui foi escrito pensando em você! Que o meu “Coração Brasil” continue te guiando não apenas neste 12 de junho, mas por todo o sempre! Amo você!


Enviado por Mr. Simon

segunda-feira, junho 05, 2006

O Apito inicial

E a Copa vai começar...

É incrível como a Copa do Mundo passa a ser referência para todos os brasileiros, gostando ou não de futebol.

Durante a Copa do Mundo, o Brasil literalmente pára na frente da telinha para ver a bola rolar. Os horários e reuniões de trabalho são remarcados, remanejados e modificados. As ruas ficam desertas, até mesmo nas maiores metrópolis. Somente após os jogos a vida prossegue novamente. É como se houvesse um lapso de tempo!

Quando criança, adorava as copas por diversos motivos. O principal era a sala cheia, todos reunidos em esperança. Baciadas de pipocas e amendoins tostados completavam a cena. Naquela época não comíamos essas coisas como comemos hoje. Os jogos tinham o sabor de festa, pelo menos na visão de uma criança...

Sobre as Copas, lembro-me especialmente de duas: a de 82 e a de 94.

A de 82, ainda criança, ficou marcada pela primeira grande decepção e também pelas contradições: alegria e tristeza em questões de minutos. Após aquela inesquecível partida do Brasil contra a Itália tive vontade de chorar. Havia o silêncio na sala, pasmos, sem acreditar no que acontecera. A tristeza estava estampada na face de todos os brasileiros.

A de 94, já crescida, estava em Curitiba passeando. O real era moeda forte, recém nascida. Assisti a partida no salão de um hotel barato junto com demais hóspedes, centenas de quilômetros longe da família. Quando o Brasil finalmente ganhou a Copa, as praças de Curitiba ficaram repletas de torcedores comemorando. Era a explosão de alegria de um povo sofrido, de luto. Foi um tetra que o Senna nunca teve oportunidade de ganhar.

E a Copa vai começar. Hoje, o Brasil é penta, rumo ao hexa campeonato. Será que o Brasil leva essa?

Hora de preparar os petiscos e apostar no bolão! Qual o seu palpite final?

Enviado por Joy






domingo, junho 04, 2006

Era só mais uma manhã de segunda-feira


Manhã de segunda-feira. Frio. Sono. Faculdade. Banco escolar, primeiro dia letivo. Cumprimentos, sorrisos com gosto de café, olhares apreensivos, gestos já cansados e hipnóticos. A porta abriu e o professor entrou. Os alunos acompanharam seu passos largos até o pupito, ele os viu, mas não os enxergou e começou a falar. Os olhos eram azuis, a voz era forte e as palavras inspiradas pelos deuses. Caso clássico: a aluna se apaixonou. Nas semanas seguintes ela reservava as melhores roupas para as segunda-feiras, maquiava-se com mais cuidado e mantinha atenção redobrada durante as aulas. Apaixonou-se pelos olhos azuis e pelas palavras elevadas que traduziam um conteúdo que, até então, lhe era completamente desconhecido e inacessível. Poucas semanas depois, não resistiu, atirou-se a leitura de um livro incompreensível e na aula seguinte, encheu-se de dúvidas e de coragem e foi ter com o professor. A sala minúscula, na qual ele recebia os alunos, ficava repleta de luz, ao meio-dia, por conta de uma janela lateral e vazada. A porta estava aberta, ele olhava para as árvores que se viam pelos furinhos da janela, o vento sacudia as folhas e a entrada da aluna não foi notada. Professor - ela disse. Os olhos tão claros, contrastando com os cabelos escuros, voltaram-se para vê-la. O que ele viu, até hoje ela não sabe, mas ela viu seu sorriso pela primeira vez, estranhou – nunca o vira sorrir antes – e se agradou. Com mãos inseguras, ela retirou de uma pasta suas anotações de aula e começou a falar de suas dúvidas. As dúvidas, ela ainda não sabia, eram suas angústias, seus medos e ele tentou compreedê-la. Tentou responder as suas demandas, mas, sem que ela esperasse, sugeriu que as abandonasse, jogou-as para o alto e com as palavras e os gestos das mãos contou-lhe sobre um mundo encantado. Falou-lhe de outras línguas, de outros livros e outros modos de vida. Ela maravilhou-se e nunca mais deixou de procurá-lo em sua sala. Durante as visitas, as palavras herméticas de um outro mundo a excitavam, sorria com os lábios e ardia de desejo com o ventre. A aluna seguiu o conselho do professor: abandonou suas dúvidas e o seu próprio mundo e deixou-se elevar pelo dele. Tudo isso aconteceu. Há muitos anos. Mas eles nunca se tocaram. Hoje, a aluna mora naquele mundo encantado descrito pelo professor; porém, tarde da noite, escondida no calor de sua casa, seu peito ainda aperta de saudade pelos beijos nunca trocados, pelo toque do corpo que jamais conheceu e pelos abraços que não foram dados. As vezes, ela recebe notícias do professor: ele lhe escreve sobre outros mundos que ela ainda não conhece, enfatiza que ela deve um dia conhecê-los, mas nunca a convida para desbravá-los juntos. Ela, assustada como sempre foi, tímida como nunca deixou de ser, insegurança, primeiro por natureza e depois por escolha mal feita, não é capaz de sugerir que o façam. Então, a saudade apetar-lhe ainda mais o peito e ela faz apenas abrir mais um livro, ouvir mais uma canção e engolir mais um copo de vinho...


Enviado por Miranda Belvedere

sexta-feira, junho 02, 2006

Minha musa

Hoje Danuzah não pode vir. Não, ela não fugiu da raia. Simplesmente assoberbada com os seus milhares de compromissos... A perua arrasa!

Então, como a rainha não está... Entra a súdita! Ousarei dar alguns pitacos sobre a programação de tv hoje. Um asco. A TV brasileira precisa de um chacoalhão! Não aguento! Ainda bem que existe TV a cabo... God blessed America!

Em junho começa na Warner a semana do Clímax. Um luxo. Vale a pena assistir, é o auge das melhores séries. Smallville, Invasion, The OC... Ai, ai... Just the cream of top! Bemmmmmm melhor do que assistir programas da Globo, por exemplo...


Antes eu via o Jornal Nacional. Mas pra quê? Prego a livre alienação. Simplesmente mudei de canal e graças a Deus tenha essa opção. Porém... E quem não tem? Assisti a jornais manipulados, novelas pra lá de batidas, programas de tarde remelentos... Danou-se!

E agora, essa nova onda de Banda Calipso? Olha, só a bolacha presta. Porque a banda mesmo, Jesus.... Nem ele salva. E ganham horário exclusivo, inclusive no Faustão. Que decadência! O Brasil agora é funk e Calipso. E eu sou muito mais pegar um barco e zarpar daqui...

Hackeado por Danuzeteh

quinta-feira, junho 01, 2006

Inclusão Digital

É uma pena, mas a política de educação do Brasil está falida. E por nossa culpa.

Em franca deacadência, vejo todas as instituições de ensino descendo o nível cada vez mais... Escolas privadas pululam do nada, Céus ardem no inferno... E tudo isso pra quê?

Ah, mas nem tudo está perdido. O programa de Inclusão Digital é cada vez maior no Estado e em todo o Brasil. Mas... Inclusão digital para quem?

Já encontrei em Faculdades alunos analfabetos. Repito. Já encontrei em Faculdades alunos analfabetos. É desesperador. Um lunático que leia meia dúzia de livros como o Marcola (chefe, presidente ou c... a quatro do PCC) já é considerado o rei dos sábios... Em terra de cegos... Realmente... Quem tem meio olho míope é rei! E ainda me inventam essa de inclusão digital... E o resto????

Lá em cima disse nossa culpa. E é sim! Tudo é feito nas coxas, na base do "ninguém reconhece mesmo...". Não é para ninguém reconhecer, caralho! Tem que ser pela gente! Olha o caos que está essa m... de país. Os políticos são munidos de malas de dinheiro. Malas!!!! Tudo é feito no maior descaramento! E a imprensa vai lá e cobre o assunto... Ah! A imprensa é formada por jovens mal remunerados que trabalham até tarde e não tem reconhecimento! E formados em péssimas faculdades. Hoje, pelo menos em São Paulo, não há uma Faculdade boa.

É de amargar. Até o crime se organizou e a sociedade, pasma, ainda acha que não deve ser organizar. Mas é claro que devemos sim! Donas de casa, alunos, faxineiros, empresários, cada grupo deve ser bem organizado, não importa que só agora, mas deve ser sim! E não há idade para isso não!

Programa de Inclusão Digital??? Às favas! O que o nosso país precisa é de inclusão política, urgente! É entender como tudo funciona, se organizar e saber exigir o que se é de direito. Boa educação, inclusive! Não vamos deixar que, por nossa culpa, tudo vá para o buraco de vez!

Hackeado por Jussara Justa