terça-feira, dezembro 19, 2006

Quer que eu dobre o seu salário, vagabundo?

O povo é bobo, né?

Nessas, até eu cai do cavalo.

Neste Brasil sofredor, aumento de 100% no próprio salário é irreal.

Pela primeira vez no ano senti orgulho dos brasileiros. Todos reclamaram, foram políticos, não deixaram pra lá.

O Supremo Tribunal Federal acaba de conceder, por unanimidade, uma liminar (decisão provisória) para que as Mesas da Câmara e do Senado se abstenham de editar aumento de subsídios de congressistas com base no decreto 444. (Leia aqui)

É isso aí, já é um excelente começo!

Melhor resposta do que esta... Só a do Charges.com.

Não são nossos empregados? Então...

Quer ver? Clique aqui!

Hackeado por Jussara Justa

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Ana... Sempre Ana...




Do Estado de São Paulo de hoje:

SÃO PAULO - Este foi o ano das cantoras e seus duplos CDs. Depois de muito tempo sem lançar um disco-solo, Marisa Monte jogou no mercado dois de uma vez: Universo ao Meu Redor e Infinito Particular. Maria Bethânia fez o mesmo, rumando ao encontro das águas nos CDs Pirata e Mar de Sophia. Agora é a vez da cantora e compositora Ana Carolina ver compactada em dois disquinhos sua obra inédita.

Mas ao contrário de suas colegas, Ana Carolina preferiu os dois juntos, na mesma caixinha. Quem comprar o novo Dois Quartos (Sony-BMG) vai levar para casa duas personas musicais da cantora: Quarto, que resume o lado pop (e mais famoso dela) e Quartinho, cujo repertório agrupa canções harmonicamente mais sofisticadas e com arranjos mais densos, à base de voz, baixo, violão e cordas. "Tinha vontade de mostrar esse lado, mas não combinava muito com meu universo pop, do batidão", explica Ana.

Realizado o desejo, a cantora sabe que não é o tipo de repertório do agrado das rádios FMs. Mesmo porque, para as massas, ela está garantida com o outro CD, Quarto. "Em 1999, lancei o primeiro, Ana Carolina; em 2001, Ana Rita Joana Iracema e Carolina; e em 2003, Estampado. Logo, em 2005, deveria lançar outro disco, o que não aconteceu, porque um ano antes eu fiz o projeto especial com Seu Jorge, que acabou fazendo sucesso." Quando terminou o projeto, viu-se com um acúmulo de mais de 40 canções inéditas. "Aquilo foi ficando insustentável", lembra. "Acabei dividindo o CD de maneira importante para mim."

Mais densa, ousada e sexual

Não é só na intimidade de seu Quartinho que Ana Carolina está mais densa. A densidade resvala em algumas letras. Obviamente, ela não abandona a fórmula que a consagrou, que é a de cantar o amor, suas alegrias e dissabores, embalada pela pegada forte de seu violão pop. Mas Ana parece mais ousada no jeito de compor. Mais sexual até, a ponto de descrever relações fervorosas e algumas palavrinhas impublicáveis, em músicas como Eu Comi a Madonna (parceria com Mano Melo, Antônio Villeroy e Alvin L.), do lado do Quarto, e Cantinho (de Gastão Villeroy), do lado de lá do Quartinho. Na primeira canção, revela-se o eu dúbio, homem e mulher. Na segunda, assume a imagem masculina. Em ambas, de maneira viril, reforça. "Conto uma transa com detalhes com Madonna que, no primeiro momento, partiu da cantora mas quando a música estava pronta, achei que existem várias Madonnas por aí."

Composição antiga, mas até então só cantada em shows, Homens e Mulheres é a versão pessoal de Ana Carolina (sem originalmente ter essa função) para o hino Meninos e Meninas, de Renato Russo. Versão pessoal e confessional, como todas as canções compostas por ela. "Eu sempre ficava no campo da percepção social, das visões espalhadas sobre várias coisas, mas nunca uma coisa aberta da minha sexualidade, que quem está perto de mim conhece. Nunca tinha colocado isso na minha música, aí pintou essa canção que chama a atenção, porque o tema é forte. Mas meu assessor tem uma frase ótima que quero usar muito: o bissexualismo é que nem mediunidade: todo mundo tem, mas só uns desenvolvem (risos)."

Mesmo ainda causando certo impacto, Ana Carolina acha o assunto já antigo, vide a própria música de Renato Russo. "Eu a toco em shows e todo mundo canta. Não sofri nenhum tipo de preconceito; pelo contrário, recebo as pessoas no camarim depois do show, umas duzentas, e a única coisa que ouvi de casal foi que tenho coragem."

Voz, instrumentos, depoimentos

Mas nem só de amor e sexualidade sobrevive sua música. Ana gosta de escrever pequenas crônicas sociais - ou de denúncias sociais. A instrumental La Critique (parceria com Dunga, Nilo Romero e Antônio Villeroy) abre o Quartinho, pregando o exercício das diferenças. É um trabalho interessante, em que se misturam a voz de Ana, instrumentos excêntricos e colagens de breves depoimentos, colhidos pela cantora no centro psiquiátrico do Rio.

Ana queria estabelecer a relação entre a loucura e a normalidade a partir do ponto de vista dos pacientes, ou usuários, como são chamados. Costurou falas de pacientes que, no centro, desenvolvem trabalhos relacionados à arte: pintores, cantores, compositores. "Há caso de psicóticos na minha família, um tio meu tentou o suicídio. Ele era louco, tomava remédios e isso sempre chamou minha atenção. Visitá-lo no hospital de loucos foi algo que me marcou na infância", revela ela. "Meu tio era pessoa muito sábia, porque não sabia de nada, não tinha convívio com a realidade. O artista, quando vai criar, tem um pouco de loucura: faz aquela cisão mas volta para o mundo. O louco faz a cisão e fica lá."

Em um momento mais descontraído do novo trabalho, Ana Carolina conduz no pandeiro e no gogó Chevette. Ela canta a sucessão de atropelos da amada, que apronta de tudo para tirá-la do sério. O capô de um carro Chevette de verdade funciona como molho percussivo da canção e deve ser levado ao palco por Ana Carolina em seu novo show, que só estréia no ano que vem.

Hackeado por Jussara Justa

Desenhos que seus filhos não devem ver...












Só brasileiro mesmo...
Não entendeu?

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quarta-feira, dezembro 06, 2006

Sobre o ser ou estar











" O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou"
O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer"

Vinícius de Moraes - Canto de Ossanha




No inglês, é junto. Não é assim que a gente aprende? "To be é ser ou estar" . E a gente diz sim, e acena a cabeça. "Verbo to be de novo! Ninguém merece!"

E ninguém merece. Vai se lá entender um absurdo desses!

Como ser e estar podem ser a mesma coisa?

O que é ser? O que é estar?

"Eu sou medrosa, é o meu jeito, eu sou assim!" disse uma amiga, certo dia. "Você não é medrosa! Que absurdo! Você está, é diferente!"

Mas e se ela é medrosa mesmo?

Então comecei a devanear sobre o assunto...

Joana é medrosa mesmo?

Parei. Pensei. A gente pode ser coisa ruim?

Mas o que é ser?

Ser é estar? Os ingleses estão certos?














Ser é imutável. Não muda. Quando se é, pegamos a essência. Essencia imutável. Por isso, dá para classificar. Quando se diz "é" encerra-se qualquer dúvida. Ou é, ou não.

Estar é mutável. Muda. Quando se está, pegamos o momento. Essencia mutável. Por isso, não dá para classificar. Quando se diz "está", coloca-se a dúvida. Está, naquele momento, pode não estar.

Será que Joana é medrosa? Não tem como mudar? É a sua essência, e jamais poderá ser corajosa?

"Ser" não seria a essência da vida, e o resto, um exercício do estar?

To Be or Not To Be... Realmente é uma questão. Quando é estar e quando é ser? Às vezes, mistura mesmo. E às vezes os saxões não estão tão loucos assim...

Rackeado por Jussara Justa (enquanto o blog não se define....)

quarta-feira, novembro 29, 2006

Jornalismo burro e incompetente

Você deve estar pensando duas coisas. Se não for jornalista, concorda. "Jornalista é muito prepotente, mesmo! É, já vi um monte de erro, jornalista não sabe nada!". Se for, discorda: "Que visão distorcida! Nós, jornalistas, somos imparciais, esse é o nosso princípio, nossa ética.. .

Concordo com o povo. Para mim, jornalistas são burros e incompetentes. Onde deveria ser esta a exceção, encontramos no jornalismo raros exemplos de bons profissionais. Porque? Talvez porque os mesmos custem caro... Ou talvez os éticos não se aliem a sujeira.

Sujeira, burrice... Asnice a parte, vamos a um exemplo. Acabei de ler uma matéria de capa do UOL, site de conteúdo da internet: "Setor Bancário deu maior doação à campanha de Lula" . Que manchete! Uma acusação grave. E que gera várias polêmicas, principalmente sobre o porque. Se a maior doação é para Lula... Então ai tem. Vamos ler mais um pouco.

"Os bancos foram os principais financiadores da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com doações que somam R$ 10,5 milhões, segundo a prestação de contas dos candidatos que disputaram o segundo turno da eleição presidencial, enviada à Justiça Eleitoral ontem, último dia do prazo legal."

Bem, até aqui... Manchete e texto conferem. Que coisa! Mas e Geraldão???

"Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu montante idêntico, de R$ 10,5 milhões. Nos dois casos, o principal doador do ramo foi o Itaú, com R$ 3,5 milhões."

Calma lá!!! Quer dizer que... Geraldão recebeu o mesmo??? E porque ele não está na manchete? Porque só Lula, sozinho???? Dois candidatos, mesmo valor, e só um sai na manchete negativa?

Onde está a imparcialidade? Escreve assim o jornalista, afirmando no corpo do texto o que deveria estar na manchete! Ocuparia tanto espaço assim? Vejamos:

"Setor Bancário deu maior doação à campanha de Lula"
"Setor Bancário deu maior doação à campanhas"
"Bancos deram maior doação a Geraldo e Lula"
Ou até mesmo
"Setor Bancário deu maior doação às campanha de Geraldo e Lula"

Como se vê, as manchetes ficariam até mesmo menores. Ou um pouco maior. Qual é o grande problema em ser imparcial?

O que se passa? Aparentemente é ataque para um lado só? Diria descaradamente. E uma pena. Um moço tão jovem, tão bonito... Diria.... Pra quê?

Enviado pela leitora Selma de Alencar Pompeu*
*pseudônimo

quinta-feira, novembro 23, 2006

Roto e rasgado... Juntos, again!

Ridicularizar é fácil. Tirar um barato, rir, humilhar os outros com piadinhas de mau gosto... Como é fácil ganhar a vida assim! Qualquer coisa... Joga-se a culpa na audiência. Se o público não quisesse... Unrum... Sei...

Do que estou falando? Do último vídeo que vi no Youtube. Aliás, Santo Youtube... .

Há três anos atrás Dado Dollabella deu uma entrevista no Programa Gordo a Gogo, do apresentador da MTV João Gordo. Deu o maior bafafá. Disseram na época que houve uma briga. Para uns, somente "golpe publicitário". Para outros, "golpe publicitário". Do estilo Karina Bacchi e Tiozinho da Kaiser? Bem por aí....

Não foi. Pelo menos, não na época. O programa não foi ao ar e só apareceu agora através do Youtube http://www.youtube.com/watch?v=6kV5Q3Obz4Y.

Resumo da Ópera? Dado provocou, João Gordo provocou... E Dado ficou como o mau menino. Como assim?

Advogada do Diabo 1

João Gordo provocou. Logo no início do programa fez um comentário infeliz como sempre faz. Está acostumado a ser folgado em seu próprio habitat. Está na sua casa, tem seus seguranças, a audiência pede... Enfim, atrás de divulgação o entrevistado se sujeita a tudo. Até mesmo um gordo folgado e safado.
Não foi o caso de Dado Dollabella. Pelo jeito ele quis peitar esse tipo de programa. Convidaram o cantor/ator achando que ele ia ser cordeirinho... E não foi. Era um risco. Não sei porque João Gordo ficou tão "mocinha" ao ver sua "mesinha" quebrada. Se fosse ele no programa do Dado Dollabella... Seria pior.

Advogada do Diabo "Gordo" 2

Dado quis dar uma lição em João Gordo em sua própria casa. Levou machadinha, correntes, enfim, objetos que deixaram João Gordo quase sem alternativa. Tocar no assunto do movimento punk que até hoje é taboo para o Demogordo, pior ainda. Só poderia dar merda. O programa é dele, a equipe é dele, o esquema é dele... Fica difícil ficar quieto.

Sentença
João Gordo uma hora tinha que se fuder. Seus programas são apelativos e baixaria, algo que ele sempre criticou. Tem limite. Um programa parecido, o Pânico na TV, está cada vez mais aprendendo este limite, colocando "regras" e não abusando das humilhações. Para tudo tem limite. Até Marcos MIon aprendeu mais do que este bucéfalo. E é bucéfalo recente. Gordo não era assim. Agora não passa de uma besta gorda.

Hackeado por Jussara Justa

P.s.: kkkkkkkk O João Gordo provoca, não consegue ouvir uma crítica, chama o cara de Burguesinho de merda... E ainda acha que o louco é o Dado!

p.S.2: João Gordo... João Gordo... Joselito do meu coração... Simplesmente pegou a mesa de vidro para atirar no Dado... Uma mesa de uns cinco quilos... Não tem comparação! Se o cara era só um playboy era pra vc tirar de letra!

p.s.3: "Estão me crucificando porque o cara é mais bonito que eu". Nossaaaaaaaaa Joãosito do meu coraçãozim... Vc já foi mais inteligente!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Peroba neles!

Neste ano, ninguém pesquisou sobre candidatos;
Ninguém ouviu as denúncias;
A maioria do congresso se manteve;
A maioria dos governos estaduas se reelegeram;
O presidente se reelegeu.

Agora me diz, pelo amor dos deuses, PORQUE SEMPRE TEM UM CHATO FILHO DA PUTA DIZENDO QUE POLÍTICO NÃO PRESTA! Vai se fuder!

Eu sempre tenho a resposta na ponta da língua e, até agora, não falhou:

-Olha, eu pesquisei sobre os meus candidatos e decidi pelo melhor.
- Eu não! É tudo ladrão...

Arran. Sei. Todo mundo diz que anulou e não votou no Lula. Urrun. Tô sabendo. Pior que político corrupto é povo hipócrita... Eta povinho que não se toca!

Enviado por Jussara Justa

quinta-feira, novembro 02, 2006

Esmoladuto

Ontem fui a banca de jornal comprar o Estado. Antes de mim, na fila, um garoto sujo, negro, cabelos bagunçados. Em sua mão, muitas notas, moedas, tudo embolado.

O rapaz arremessou o que tinha no balcão. A jornaleira contou e entregou trinta reais.

Fiquei estupefata. Naquele dia não consegui nenhum cliente e com esmolas o menino conseguiu trinta! Caramba!

Não me contive. Comentei:

- Caramba, 30 reais??? Porra, nunca disse isso, mas queria esmolar!
- Nossa, não fala isso... Se você souber da verdade...
- Ai, não diz.
- É melhor não dizer.

Silêncio.

- Dá mais de cem por dia, né?
- Tem dia que a gente troca 200. O povo é muito trouxa, dá. E a gente não pode dizer nada.

O que está havendo com o mundo?

Postado por Jussara Justa

sexta-feira, outubro 27, 2006

Sem surpresas... Ainda bem!

"26/10/2006 - 20h30

Ibope mostra Lula com 58% dos votos, 23 pontos à frente de Alckmin

Da Redação
Em São Paulo
Nova pesquisa do Ibope divulgada nesta quinta-feira (26) no Jornal Nacional apresenta o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 58% das intenções de voto, 23 pontos percentuais à frente do adversário Geraldo Alckmin (PSDB), que tem 35%.

Em relação a levantamento anterior do mesmo instituto, a vantagem de Lula oscilou dois pontos para cima.

Os nulos e brancos são 3%, e os eleitores indecisos, 4%. A margem de erro é de dois pontos, para cima ou para baixo. O Ibope ouviu 3.010 eleitores nos dias 24 a 25 de outubro, em 202 municípios. O registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem o número 23.351/2006.

Pesquisa anterior do Ibope, divulgada no dia 20 de outubro, mostrava Lula com 57% das intenções de voto e Alckmin com 36%, uma diferença pró-Lula de 21 pontos percentuais. Naquele levantamento, os nulos e brancos somavam 3% e os indecisos eram 4%.

O levantamento do Ibope é o terceiro divulgado nesta quinta-feira, penúltimo dia da propaganda eleitoral gratuita. Dois outros institutos apresentaram seus números. De acordo com CNT/Sensus, Lula abriu vantagem de 24 pontos percentuais, considerando as intenções totais de voto (57,5% para o petista e 33,5% para o tucano).

Segundo o instituto Vox Populi, a vantagem de Lula é de 22 pontos, considerando os votos válidos (61% a 39%). "

http://eleicoes.uol.com.br/2006/campanha/ultnot/2006/10/26/ult3750u1952.jhtm

quarta-feira, outubro 25, 2006

Surpreso com a vantagem de Lula?

"A vantagem de Lula sobre Alckmin, no segundo turno, chegou a um ponto máximo: 61% a 39% dos votos válidos, informa o DataFolha. Muitas pessoas estão surpresas com esta diferença -- inclusive eleitores do PT -- mas não deveriam. A vantagem de Lula sobre Alckmin sempre foi imensa, em torno dos 20 pontos que aparecem agora, em todos os institutos.
Olhando para o Vox Populi, por exemplo, os últimos meses da campanha eleitoral foram assim: 52% a 32% em 6 de agosto; 54% a 32% em 1 de setembro; 53% a 34% em 15 de setembro. Em 30 de setembro, quando a denúncia do dossiê estava no auge, a diferença caiu para 49% a 42%. Quinze dias depois, Lula já voltava à vantagem anterior, com 57% a 37%.
Esses números mostram que Lula liderou a pesquisa de ponta a ponta e que jamais foi ameaçado. Se essa diferença diminuiu na votação do primeiro turno, Lula só não venceu a eleição naquela fase porque lhe faltaram 1,4% dos votos sobre o conjunto dos adversários. Mesmo assim, sua votação subiu em relação a 2002.
Essa vantagem sempre foi confirmada por pesquisas sobre a avaliação do governo. Lula é visto de forma positiva por mais de 40% do eleitorado -- a experiência ensina que uma gestão com esse patamar de aprovação tem 80% de chances de ser vitorioso. Pesquisas qualitativas, que apuraram as opções dos eleitores em grupos de discussão, apontaram para um quadro idêntico.
O que se vê, então, nas pesquisas da última semana da campanha, é a confirmação da principal tendência desta eleição, que sempre apontou para uma grande vantagem de Lula. Ninguém é obrigado a imaginar que a eleição está resolvida. O pleito é domingo. Mas o quadro é este há muito tempo. "

Do Blog do Paulo: http://blog.estadao.com.br/blog/paulo/

terça-feira, outubro 17, 2006

Previsão do tempo. Do final deles.

A humanidade passa, essa semana, por mais um teste.

Raios de uma magnitude jamais antes vistas estão assolando agora, neste minuto, o planeta. Sim, a Terra esta num momento privilegiado. Devemos abrir bem o chacra do coração, pois tudo irá mudar... A partir de hoje.

Por que? Oras bolas! Porque acabei de receber um e-mail dizendo isso!

As autoridades deveriam fazer algo: corre, na internet, um dos maiores embustes já realizados na história da internet brasileira. E brasileiro é tão "bonzinho"... Acredita!

Pseudo bruxos, esotéricos e simpatizantes enviaram vários e-mails avisando sobre o fato. É comovente como eles se "preocupam" em avisar a humanidade...

"Um evento de disparo cósmico deverá acontecer no dia 17 de outubro. Um dos muitos que deverão ocorrer até 2013.
Os raios pulsantes de um beam [= feixe de luz ultravioleta (UV)] de uma dimensão mais alta no universo, cruzará a rota da Terra e estaremos sob influência desses raios durante 17 horas do nosso tempo, neste dia."

O quê! Hoje não posso sair sem protetor e óculos de sol...

"Este beam ressoa no chacra do coração. É de radiação fluorescente em natura, azul/magenta em cor. Apesar de ressoar nesta frequência está acima do espectro de cores do nosso universo como, nós da Terra, conhecemos.
Porém, pela natureza de nossas almas ou grupos de almas operando nas bandas de frequência do universo terá efeito sobre nós. Esse efeito será a ampliação de nossos pensamentos e emoções na intensidade de um milhão de vezes."

Caramba! Mas é sério mesmo!

"A missão - 17/10/2006 - requer aproximadamente um milhão de pessoas focando positivamente, no bem, bons pensamentos para si próprio e para a Humanidade, neste dia.
Pedimos pensamentos positivos focados na cura, bem estar, delicadeza, gratidão.
Este feixe UV estará com total efeito às 17 horas no dia 17 de outubro de 2006.
Não é preciso estar em estado meditativo durante todo o período, porém seria o mais benéfico. Procure um lugar tranquilo para elevar seu pensamento.
Este evento do disparo do feixe UV é chamado de portão "818"."

Não! Uma missão tão séria... Tão séria... Que foi planejada com dois dias de antecedência!

"Precisamos reunir 1 milhão de pessoas para mudar a sensação de separação e fragmentação da Humanidade para uma Real Maturidade de Unificação e Unidade."

Tô passada. Fontes da informação? Quem disse isso? Base científica? Astrológica? Astronômica? Bidu autor do artigo?

O pior foi assistir um programa com o Sr. Amauri Jr. e uma socialite bidu afirmando que realmente esses raios estão abertos mesmo! Afirmam, mas sem base alguma!

Dia 29 tem eleições novamente. E ainda tem gente esperando raios e abdução, de chapeuzinho.

Brasil, tu merece mesmo!

Esta previsão toda realmente é um sinal: do final dos tempos.

Enviado por Jussara Justa

p.s.: Esotéricos com E maiúsculo, apareçam, please!

terça-feira, outubro 10, 2006

Respostas

Sobre o post anterior...

Porque sim nunca é resposta. E como o objetivo do Cafeína é dialogar... Vamos as respostas!

"Vou voltar uma pergunta que o próprio "cafeína" fez ao Cassiano, que questionou a posição: o que vc faz além de criticar?
R: Eu sou política em tudo, Henrique. Questiono, pergunto, pesquiso. Não só critico sem embasamento. Conheço um pouco das leis, pois sou formada em direito. Sei suas bases, seus princípios. Estou me conhecendo bem. Entendo minhas necessidades como ser humano, e defendendo que todos as tenham. Participo de reuniões no meu prédio, leio jornais, converso com as pessoas. Não sou omissa em nenhuma atividade. Sou ativa como cidadã, ou pelo menos tento ser. Não só por mim, mas pelo todo.

E quanto a política, sempre participei de discussões e grupos do partido em que acredito, o PT. Sei suas falhas e defeitos porque conheço as pessoas dentro do partido. Por isso, cada crítica minha quanto a ele é porque estou lá e vejo.

"Concordo que nosso povo precisa melhorar, e vejo, por exemplo, a dificuldade que estamos tendo para retirar o apoio ao Lula, não?! Um cara mau caráter, desonesto, mentiroso, arrogante, orgulhoso...enquanto muita gente se preocupa com o bolso apenas, se FHC demitiu alguém ou não, se privatizou ou não, eu estou preocupado com o caráter do governante."
R: Lula, um cara máu caráter, desonesto... Sinceramente, não creio que sejam argumentos válidos. Parece mais uma reclamação de velha matrona do que de uma pessoa bem informada. E, até mesmo, de inocência. Somos humanos, todos. VOcê reinvindica uma santidade do governante, sendo que isso é impossível! Ele pode, sim, ser bom administrador. E deve ser. Agora... Arrogante, orgulhoso...

Com este ponto de vista, você quer dizer que um bom governante deve ser humilde, inteligente, sábio, sereno... Praticamente um Buda, Jesus ou sei lá que santo....

Um conselho? Vote nulo. Uma pessoa assim não existe. E, se existisse, a humanidade apedrejaria. COm certeza.

Não tem como eu votar em quem não merece minha confiança.

"A grande maioria que votou no Maluf, no Russomano, é a grande maioria que ainda dá a maior porcentagem ao Lula."
R: Não sei se é certo isso. O povo brasileiro mostrou que não quer votar. Ou ouvir falar em política. Simplesmente não querem saber. Por problema de auto-estima, talvez? Provavelmente. O povo não se respeita e não se dá o valor. Joga o seu voto no lixo, sob o pretexto de um ou outro roubar mais fazer, ou ser ladrão, mas e daí. Uma pena.

"Quanto ao Afif, sem plataforma política?! o que vc chama de plataforma política? Sem experiência? no que?"
R: Na vida política. Ele nunca foi eleito. Tem experiência em corrupção. Ele está por trás da maioria dos Sindicatos Patronais. É arrogante, prepotente... Para utilizar termos que você utilizou para o Lula. Na filmagem, óbvio, ele é bem simpático. Pessoalmente... Como nunca fui sua subordinada, nunca sequer me disse olá. E roubava. E como.

"E esse papo de experiência vindo no meio de argumentos pró PT é um absurdo, um disparate, já que Lula foi eleito com completa inexperiência."
R: Ao contrário do Afif, experiente somente como rico empresário, Lula sempre foi político e sindicalista, além de deputado federal e figura atuante dentro do PT. Acompanhou de perto todos os movimentos importantes na volta da democracia no país, as primeiras eleições, as políticas econômicas, as administrações estaduais, municipais...
Simplificando, ele fazia política no dia-a-dia. Só que nas bases, com o povo. Não no escritório, como o Afif. Ou festas sociais...

"Exatamente ao contrário : Vejo o povo perdendo mais tempo com antipatias gratuitas contra o Alckmin , do que discutindo as propostas de Lula. "É raro um PSDBista roxo"...e daí?! isso não é argumento! Não há muitos PSDbistas roxos , pq fanatismo não combina tanto com esse partido. Já Lulistas, Malufistas, etc...existem...não é mesmo??"
R: Não concordo com o seu argumento. Não há fanatismo, e sim ideologia. O PSDB não tem militantes. Este é o argumento. Porque faz parte e defende uma elite. Eis o argumento.

"Este texto: "Todas as informações estavam abertas desta vez: internet, jornais, televisão, rádio. Não havia como o eleitor ser enganado ou não saber.". É verdadeiro, mas ingrato: quem trabalhou para que as informações políticas, TSE, etc começassem a ser difundidas na internet e evocou a transparência política, inclusive aprovando leis para isso foi...FHC."
R: E... Qual é o problema? Não disse, em momento algum, que o PSDB não é um bom partido. Porém, defende elites. E o PT também defendeu esta transparência. Ambos agiram de forma correta.

!FHC foi um dos presidentes mais éticos que o Brasil já teve. Por exemplo, ele adotou o bolsa-escola, que foi criado pela então oposição (Cristovam Buarque, PDT), e sem mudar o nome do projeto, como é de costume dos politiqueiros. Sabe o que o Lula fez com o Bolsa-escola? Modificou, desvinculou um pouco da escola e colocou o nome de "bolsa-família".!
R: Tantos, e tantos projetos caem nisso... Faça uma pesquisa: Projetos que o Maluf e Pitta fez, e Marta mudou o nome... E que agora, Serra mudou o nome novamente. Falta de ética. Não. Somente inocência sua.
Um exemplo bem simples: em São Paulo, na administração petista, a cidade estava inteira vermelha e branca, cores do PT. Inclusive todos os logotipos e marcas de projetos da prefeitura. Assim que Serra assumiu, todos os logotipos foram alterados para amarelo e azul, cores do PSDB.
Somente para ser mais atual, vamos ao último projeto que o Serra "pegou" e diz ser somente seu.
Pitta criou o Fura-Fila. Não continuou. Marta retomou o projeto e transformou em "Paulistâo". E agora Serra, antes de abandonar a cidade, o trasnformou em "Tiradentes".
Isso é normal, meu caro. Em todos os partidos.

"Falando em Cristovam, ele estava sendo um excelente ministro da educação, eu lembro bem disso pq eu acompanhava o assunto. Foi uma grande decepção quando vi o Lula tirar ele do ministério, o único que ainda estava cumprindo um pouco das promessas que Lula e PT tinham feito."
R: Não acompanhei, pesquisarei sobre o assunto.

E Lula diz no exterior que está acontecendo uma revolução no país...sinceramente, é preciso um pouco de "pó de fadas" para aceitar o Lula depois de tanta mentira.
R: O PT tem um defeito, mesmo: não consegue e não sabe mentir. A elite está bem mais escolada nisso. POr isso o povo escolheu candidatos que saimba mentir mais...

E apesar do imenso blá blá blá que sua amiga postou...ali não há debate sobre nenhuma proposta, nem de Lula, nem de Alckmin. Ela precisa urgentemente apontar as críticas para ela mesma.
Estou dizendo tudo isso não para discutir, pois eu não vou conseguir convencer fanáticos. Mas porque não quero mais receber mensagens incoerentes(contrárias a si mesmas), arbitrárias(depende puramente da intenção de quem a criou), e sem conteúdo informativo(não há nenhuma informação, só crítica), atacando a minha liberdade de voto e pensamento.
R: O seu desespero faz com que você pareça muito mais fanático. Defendendo quem mal conhece. Talvez por isso o nervosismo, o clima tenso. Honestamente, não faz bem para sua tez."

Novas idéias

Esta semana vou publicar alguns textos que recebi devido aos posts da semana passada.

Recebi esta mensagem via e-mail. Preservarei o anonimato do remetente.
Interessante ponto de vista:

"Jussara...
Vou voltar uma pergunta que o próprio "cafeína" fez ao Cassiano, que questionou a posição: o que vc faz além de criticar? Concordo que nosso povo precisa melhorar, e vejo, por exemplo, a dificuldade que estamos tendo para retirar o apoio ao Lula, não?! Um cara mau caráter, desonesto, mentiroso, arrogante, orgulhoso...enquanto muita gente se preocupa com o bolso apenas, se FHC demitiu alguém ou não, se privatizou ou não, eu estou preocupado com o caráter do governante. Não tem como eu votar em quem não merece minha confiança. A grande maioria que votou no Maluf, no Russomano, é a grande maioria que ainda dá a maior porcentagem ao Lula. Quanto ao Afif, sem plataforma política?! o que vc chama de plataforma política? Sem experiência? no que? E esse papo de experiência vindo no meio de argumentos pró PT é um absurdo, um disparate, já que Lula foi eleito com completa inexperiência. Exatamente ao contrário : Vejo o povo perdendo mais tempo com antipatias gratuitas contra o Alckmin , do que discutindo as propostas de Lula. "É raro um PSDBista roxo"...e daí?! isso não é argumento! Não há muitos PSDbistas roxos , pq fanatismo não combina tanto com esse partido. Já Lulistas, Malufistas, etc...existem...não é mesmo?? Este texto: "Todas as informações estavam abertas desta vez: internet, jornais, televisão, rádio. Não havia como o eleitor ser enganado ou não saber.". É verdadeiro, mas ingrato: quem trabalhou para que as informações políticas, TSE, etc começassem a ser difundidas na internet e evocou a transparência política, inclusive aprovando leis para isso foi...FHC. FHC foi um dos presidentes mais éticos que o Brasil já teve. Por exemplo, ele adotou o bolsa-escola, que foi criado pela então oposição (Cristovam Buarque, PDT), e sem mudar o nome do projeto, como é de costume dos politiqueiros. Sabe o que o Lula fez com o Bolsa-escola? Modificou, desvinculou um pouco da escola e colocou o nome de "bolsa-família". Falando em Cristovam, ele estava sendo um excelente ministro da educação, eu lembro bem disso pq eu acompanhava o assunto. Foi uma grande decepção quando vi o Lula tirar ele do ministério, o único que ainda estava cumprindo um pouco das promessas que Lula e PT tinham feito. E Lula diz no exterior que está acontecendo uma revolução no país...sinceramente, é preciso um pouco de "pó de fadas" para aceitar o Lula depois de tanta mentira. E apesar do imenso blá blá blá que sua amiga postou...ali não há debate sobre nenhuma proposta, nem de Lula, nem de Alckmin. Ela precisa urgentemente apontar as críticas para ela mesma. Estou dizendo tudo isso não para discutir, pois eu não vou conseguir convencer fanáticos. Mas porque não quero mais receber mensagens incoerentes(contrárias a si mesmas), arbitrárias(depende puramente da intenção de quem a criou), e sem conteúdo informativo(não há nenhuma informação, só crítica), atacando a minha liberdade de voto e pensamento."

Enviado por Jussara Justa

sexta-feira, outubro 06, 2006

Respostas do post anterior

Recebemos alguns textos, após a publicação do texto de ontem, com mais idéias para esta eleição.

Não é por isso que está tendo o segundo turno? Para debater idéias?

Como por enquanto não vi nenhuma no Alckmin... Vai do Lula!

"O candidato de Wall Street

Lula é o candidato preferido pela militância que atua nos movimentos sociais. Esta preferência é fácil de entender.

Primeiro, porque a trajetória de Lula faz parte da história da esquerda brasileira, da CUT, da UNE, dos movimentos de trabalhadores rurais, das mulheres, dos negros, dos índios e de tantas outras manifestações dos setores populares no Brasil.

Segundo, porque o governo Lula deu início ao atendimento das demandas acumuladas, há décadas ou séculos, pelas camadas populares.

Terceiro, porque o candidato Geraldo Alckmin é o preferido das elites nacionais e internacionais. Segundo reportagem recente do jornal Financial Times, "ele é o preferido dos círculos financeiros de Wall Street".

Por qual motivo os ricos preferem o candidato tucano?

Com Geraldo Alckmin, antes na presidência do Programa de Desestatização e depois como governador, São Paulo foi privatizado.

O estado perdeu o Banespa como banco de fomento, a Fepasa (ferrovias), o Ceagesp (centro de abastecimento), a Eletropaulo (geradora da energia), a Comgás e a Companhia Paulista de Força e Luz.

A companhia de saneamento (Sabesp), o banco Nossa Caixa e outras instituições foram fragilizadas, com a venda irresponsável de ações. A extensa malha rodoviária foi entregue a preço de banana para empresas que multiplicam pedágios e assaltam os usuários nas tarifas - sem qualquer controle público.

Apesar dos recursos obtidos com as privatizações, R$ 32,9 bilhões, a dívida pública do estado de São Paulo só fez aumentar.

Em janeiro de 1995, no início do primeiro governo tucano, a dívida pública era de R$ 34 bilhões; no início de 2006, era de R$ 123 bilhões, quase duas vezes sua receita líquida. O Estado está mais pobre e debilitado, sem capacidade de investimentos, e vive aprisionado a uma dívida que consome mais de R$ 5 bilhões ao ano e que sugará seus recursos pelos próximos 30 anos.

Segundo balanço oficial, o rombo nas contas públicas do estado de São Paulo atingiu R$ 1,2 bilhão.

Cabe perguntar: se Alckmin deixou este rombo em São Paulo, o que ele faria com o Brasil? Se ele raspou o caixa e entregou o governo para o seu sucessor com um rombo difícil de ser saldado, o que ele faria com o Brasil?

Enquanto o governo tucano privatizava e endividava o estado de São Paulo, uma minoria acumulava privilégios. O número de famílias ricas em São Paulo saltou de 191 mil para 674 mil nas duas últimas décadas - pulou de 37,8% para 58% do total de famílias abastadas no Brasil.

Estas são as marcas principais da orientação econômica do governador Geraldo Alckmin, agora candidato à presidência da República. Em síntese, ele representa o ultraliberalismo na batalha sucessória!"

Enviado por Simon Diz

quinta-feira, setembro 07, 2006

A Viagem de Chihiro


É possível alguém não gostar deste filme? Creio que sim. Então aviso: se você não tem sensibilidade e não gosta muito de pensar nem chego perto. Vai odiar o filme, tachá-lo de "fábula boba" e que prefere A Era do Gelo. Ok, sem problemas. Para mim, ambos são excelentes, mas gêneros COMPLETAMENTE diferentes. O segundo, pura diversão. O primeiro, diversão e pensamentos. Muitos.

Como acabei de ler duas críticas desfavoráveis a Chihiro (leia aqui) , posto aqui a minha crítica sobre as críticas:
"Fiquei impressionada com duas críticas abaixo sobre o filme. Então, vá lá minha observação:
Se você não gosta de analisar filmes, é insensível e gosta de chegar aos finalmente (sic) sem churumelas, não assista o filme. Está longe de ser uma animação bobinha, e não ganhou o Urso de Ouro à toa.
Na realidade, o filme é uma dura crítica as religiões e deuses, aos que se consideram maiores por acreditar neles, aos que dependem de suas vontades e quereres.
Para um tolo, os seus pais virarem porcos não tem significado. Mas tem. Para as religiões, os deuses são deuses. Os homens, porcos. Porque comem, bebem, se amam, se rendem aos "prazeres da carne". Porém, os deuses se deleitam em banhos com ervas, o que é uma contradição.
Um dos deuses a receber este banho está cheio de lama. Ao receber o banho, lhe é retirado tudo o que existe nele: objetos feitos por homens. Foi um dos banhos mais difíceis, mas a única pessoa capaz de fazê-lo foi... Um ser humano! E um dos menores: Chihiro.

Ao entrar neste mundo novo, rodeado por deuses, Chihiro perde o que é mais importante em sua vida: seu nome. Outra crítica interessante: quando o assunto é religião, muitas pessoas esquecem quem realmente são em nome de outro. Um padre, pastor ou Deus.
Enfim, se vai assistir este filme, saiba que verá tudo, menos tolices. A não ser que seja um tolo e não consiga enxergar além disso."

Se vc quiser saber mais sobre o filme veja este site: http://www.junior.te.pt/chihiro/viagem_chihiro.html

sábado, setembro 02, 2006

Racismo no Brasil? Magina!

Ontem a noite estava no ponto de ônibus. Cansada. A chuva não parava, intermitente molhava minha roupa, meu sapato... A cidade inteira alagada, trânsito, e nem sinal do maledeto aparecer..

Eis que de longe escuto...

-Jussara?

-Sim... Meu Deus, não acredito! Pedro!

-Como está a senhorita?

-Muito, muito bem! Não acredito que estou reencontrando você! Meu Deus! Como você está?

-Na mesma. Exatamente na mesma. Não quero entrar em detalhes. Dói demais. Por favor, não.

Choro agora o que não consegui no momento.

Como assim nada? Você terminou o colegial e... Nada?

Nada. Mas um dia a gente conversa. Eu sempre me viro.

Pedro é uma pessoa extramamente inteligente. Bilingue, auto-didata. Fala espanhol perfeitamente, o danado. Organizado. E negro.

O que poderia ser sinônimo de orgulho virou motivo de sina em sua vida. Não lhe foi ofertado nem um estágio.

Corta.

Há cinco anos atrás estava em um cargo de alto nível, chefia. Um dia parei, olhei ao redor... Não haviam negros. Nenhum. Tentei lembrar se já havia feito isso outra vez...

Corta.

10 anos atrás. Faculdade. Na minha classe havia uma garota negra. Em cinco anos.

Corta.

Esta única garota negra hoje é dona de casa, não por opção. Classe média baixa, um filho, tentando viver.

Corta.

Pedro está na minha frente. Meu Deus... Como!

Ele morava numa favela em São Paulo, um dia fui ver sua casa. Chão de terra, poucos móveis, água na base da gambiarra. Por esses motivos que só o ser humano consegue entender quando vai fundo na sua natureza, ele sobreviveu. Seu "bairro" seria um prato cheio para qualquer naturalista. Um local sitiado, cheio de medos e insegurança. Mesmo assim, ele é uma boa pessoa. Não me espantaria se não fosse.

Corta.

Noventa por cento das pessoas onde trabalho, hoje, na parte da limpeza, ou são nordestinos, ou negros. Idem na segurança. E são migrantes ou afro-descendentes com medo. Como quase nunca chegam a chefia, acostumam-se ao comando. E quando chegam esquecem ou muitas vezes tem consciência da situação. Agem como capataz, atendendo a demanda do patrão.

Corta.

Pedro está a minha frente. Seus olhos marejados, os meus também.
Algo deve ser feito. E eu vou fazer.

Postado por Jussara Justa

domingo, agosto 27, 2006

Vaso

Vaso da porra!... Ele falou comigo... Maldito... Me contou uma história que eu não queria ouvir... Berrava que era uma imitação barata de merda, mas mesmo assim lindo... e era lindo o danado... Contou-me aquela velha história, confome a qual ilustrava a cultura de um povo dizimado pelo homem branco colonizador... E eu lá vou me interessar pela história alheia? Por uma identidade que não é minha... Eu sei, eu sei... na verdade a história não é alheia e a porra da identidade também é minha... Mas, não quero ouvir... não quero pensar... quero apenas sentir... quero chorar e doer... quero um corpo doído, que sangra e fede sem cessar... quero a angústia do sentir e não a do pensar... quero as grandes questões ao mar e as tradições de pensamento na sarjeta, recebendo as lambidas de um cão impregnado de sarna, fétido de doenças, tomado pela tosse e pelo pigarro... quero sentir o pior escarro, o desdém de todos, o nojo dos homens pela minha cama, a repulsa das mulheres pela minha companhia... quero o fio cego de um caco de vidro cortando minha carne vagarosamente, fazendo-a arder de cansaço e fadiga, arrancando-lhe a vida e o ânimo... aí, sim, quem sabe, poderei, mais adequadamente e de fato preparada para entender, ouvir a história da porra do vaso bonito, ganhado como presente e feito mimo de surperstição...

Miranda Belvedere

terça-feira, agosto 22, 2006

Sobre o nada... Parte 3

Discursos... Cada um tem o seu. Acredita piamente nele. Defende-o com unhas e dentes...

E tudo isso... Pra quê?

Cada discurso é uma arma do medo ou melhor, uma armadura dele. E quando ela não basta, tem um escudo ao lado para ajudar. O pastor com a sua bíblia, o político e suas leis, o jornalista e seu microfone...
O que é o pastor sem o seu livro? Um homem, como outro qualquer. Um homem com todas as suas qualidades e defeitos, mas um homem. Mas a roupa empolada, o palavreado político, o discurso para a massa, são proteções para que ele sinta força, perca o medo, e esqueça quem é: simplesmente um ser humano com medo. Medo de morrer. Mas lá na frente não, ele é mais que isso... É um super homem, com sua capa, seu discurso, palavras fortes e um Deus por detrás.

O político? Este tem como nobre missão representar milhares, quiçá milhões. Seu discurso é empolado, o palavreado motivador, o discurso para a massa... Lembra o pastor, não é mesmo? Mas este, após as eleições, se justifica com outras leis. Mas também é um super homem. Com sua capa, seu discursos, palavras fortes e a Lei por detrás.

O jornalista segue com sua roupa rota, seu carro roto, e vai para a sua redação, seu trabalho. Porém, é o dono da comunicação. É dele, ou supostamente dele, a responsabilidade do informar, do saber. Vai, Clark Kent! Das suas mãos saem todas as informações e por isso adquire super poderes. Sente-se e auto-denomina-se "quarto poder". Quarto Poder! Manda e desmanda, dá ordens, tem até o poder de publicar o que quiser, quando quiser. Mas por detrás... Tem quem realmente comanda. A elite.

No discurso, certezas. Tanto esforço para lutar e não mostrar o que realmente é!

domingo, agosto 13, 2006

Olhos negros


Olhos negros e sem expressão... Noite após noite, seu corpo se pôs em cima do meu, mexeu junto com o meu, interligado ao meu. Em cada uma dessas noites beijei e suguei com afinco e dedicação seus lábios, sempre de olhos abertos, para não desviar os meus do dele e nada vislumbrei. Eram olhos opacos, sem mensagens escondidas. Olhos de quem nada procura. Olhos de quem já não espera mais... olhos fixos em lugar nenhum, incapazes de expressar perplexidade, admiração ou paixão... enquanto seu corpo parecia devorar com pressa redobrada toda a extensão da minha pele branca e frágil, seu olhos não diziam nada... ainda que seu corpo se apropriasse da minha carne, dizendo-lhe que meu sangue o apetecia, que meu cheiro o estimulava e que era o meu ânimo que ele queria domar, os olhos permaneciam distantes, quase imaculados, quase límpidos; mas, mesmo a lacuna para a qual eles apontavam não levavam a universo nenhum, a emoção nenhuma; apenas ao mergulho profundo em um mundo de olhos negros, sem fim, sem limites, sem fronteiras, sem amor e de libido mecânica...


Miranda Belvedere

terça-feira, agosto 08, 2006

Duas rosas

Se entrelaçaram num jardim. Poderia ser piegas, se não fosse a minha história.

Luto diariamente pela não repetição dos atos, pela unicidade de cada momento, por tornar cada segundo especial. Por ser alguém especial, único, e refletir o que de fato é. Todo ser humano é uma combinação sem igual de laços, de desejos, desilusões, alegrias, confusões... Linhas únicas estão em cada mão, em cada olhar, em cada palma... Inacreditávelmente verdadeiro. Por que as vezes a banallidade toma a alma e vou contra o óbvio, o que cada centímetro do meu corpo comprova nitidamente...

Não poderia estar sozinha nesta luta. E de fato, não estava.

Postado por Jussara Justa

sábado, agosto 05, 2006

Nos 30


É difícil saber como se é ter 30 anos. Eu não sei. Ainda me sinto de jovem, sou jovem, mas não penso que esta energia vai acabar assim, de repente.

Hoje vi uma garota na rua. Olhei e pensei: Meu Deus, é a Janaina! Opa, mas... Se fosse a Janaína... Teria uns 30, como eu... Deleta. Essa daí deve ter 21, 22...

Nunca pensei que passaria por isso, enredada pelos contos virei Peter Pan. Recuso-me a crescer, a perder essa juventude...

Mais do que pular para a fase adulta, recuso-me a ver a realidade. Dura, cruel, mais do que pensava. Tenho saúde e não vou morrer de tuberculose, meu sonho romântico. Mas estou bem e vendo saúde, e vivo para ver amigos geniais trabalhando como garis, vendedores, ao lado de canalhas inescrupulosos que vencem como advogados, jornalistas, médicos, delegados...

Vejo e sigo. E aprendo a ser "maleável", justa quando devo. Viver é mais difícil do que capricorniamente previ.

Postado por Jussara Justa

domingo, julho 30, 2006

E agora?

Três garrafas de coca-cola na geladeira, todas quase totalmente consumidas, um saco de lixo repleto de maços de cigarro, uma cama mal-feita, setes dvds atrasados, no criado-mudo livros começados e jamais terminados, o frio de São Paulo, um cahecol no pescoço e a mente vazia... Um coração sempre partido, olhos cansados de chorar, um bilhete jocoso pregado na geladeira, a casa vazia e uma chave debaixo da porta... Eis o fim. O fim de um longo caminho que buscava algo inominado, que buscava um novo modo de ser, um novo modo de operar e viver... êxito... um romance fugaz funda o êxito da busca... e seu fim marca uma nova busca: a do sentido... do sentindo da própria busca, da mudança mesmo e da dor pelo fim esperado, programado e mesmo assim não desejado... onde estará minha terceira perna?... e se minha identidade consistia em sempre tê-la comigo?... será que já me reconstrui?... o que me resta, então?... uma nova descontrução?... uma nova reconstrução... quero suspender o juízo!... não consigo... não posso... mais uma vez olho para o caminho sem volta.... mas, será que não há mesmo um retorno?!... E agora José? E agora, que a festa acabou, que a luz apagou e o povo sumiu? E agora, cadê o meu nome, cadê o meu palco?... E agora?!...

Enviado por Miranda Belvedere

sábado, julho 29, 2006

Retomando a Rotina...


Por problemas técnicos notáveis pelos queridos leitores, estivemos em baixa por um certo tempo... É ruim ficar sem Cafeína, não é mesmo?

Confesso que sinto falta da minha dose diária tanto quanto vocês...

Em breve, muito breve, voltaremos. É a ressaca. Mas um dia, como tudo, ela vai acabar.

Amanhã tem texto da Miranda... Isso se sabe!

Quem sabe, engrenamos de novo!

Enviado por Simon Diz

sábado, julho 01, 2006

Mais uma vez...

Na última (que foi também a primeira) vez que escrevi um texto neste cafeinado blog, o texto gerou um comentário que me instigou a pensar e a escrever este outro, não em resposta ao comentário, mas em razão dele. O livro do Gênesis, primeiro da Bíblia, em seu primeiro capítulo descreve a criação do mundo, dos reinos mineral, vegetal e animal, e dos seres humanos. E a narrativa explicita o processo pelo qual Deus resolve criar, primeiro o homem (sinal de alguma hierarquia?) e depois, segunda algumas versões vendo que faltava algo (Deus tem muito bom senso), Deus resolve criar a mulher, de uma parte da costela de Adão. Não podemos negar que a narrativa bíblica situa a mulher em função derivativa com relação ao homem. Até aqui essa história já alimentou acirrados debates sexistas (a Bíblia, apesar de Darwin, representa uma forte referência na estrutura do pensamento ocidental), especialmente no último século, onde ao menos se conquistou o direito de discutir o que até então permanecia indiscutivelmente definido e definitivo. E durante muito tempo, e ainda hoje, falou-se sobre a igualdade entre sexos, o que representa um erro ontológico e semântico, pois que ao meu ver não há como existir igualdade entre coisas ou questões tão desiguais. Em verdade, em se tratando de luta e reivindicação, muito mais correto e produtivo seria pleitear a desigualdade dos sexos, adotando o princípio elaborado por Aristóteles (“Ética a Nicômano”) de tratar os desiguais de maneira desigual, como única forma de se atingir (ou ao menos se aproximar) da almejada igualdade, pressuposto de um estado de justiça e isonomia. Assim, aos homens o que é dos homens e às mulheres, o que é das mulheres. Mas isso, dito dessa forma, assevera a persistência de uma questão que me incomoda: porque o sexo tem que ser tão determinante? Antes de ser masculino ou feminino, todo indivíduo se define por ser uma pessoa humana, já que até a sétima semana após a fertilização o embrião não tem definição de sexo. E mesmo após, é “apenas” (enfatizando a simplicidade biológica que determina o sexo) um cromossomo, o “Y” , presente apenas nos homens, que faz estabelece essa diferenciação. Mas sabemos que, funções e processos biológicos à parte, o que gera e sustenta as diferenças que alimentam as querelas sexistas são questões culturais, as questões de gênero. Assim, de macho e fêmea passa-se à masculino e feminino, “coisas de homem e coisas de mulher”. E aí está preparado o terreno para a “guerra dos sexos”, um arsenal de piadas e metáforas, formadoras das estruturas cognitiva, emocional e afetiva da vida de toda pessoa, com representações, preconceitos, valores e todo um imaginário dual, binomial e maniqueísta que só faz distanciar homens e mulheres, sobrepujando a dimensão humana de ambos, o que de mais importante os une. E tome discussão sobre supremacia de homens ou mulheres!

Esse texto não é panfletário, pelos direitos das mulheres, pela justa desigualdade dos sexos ou coisa assim. Em verdade, esse é o tipo de discussão que julgo mais do que infrutífera, já ultrapassada. É claro que não é possível esquecer anos e anos de opressão e submissão de tantas mulheres e mais difícil ainda conviver com o fato de que muitas mulheres ainda recebem remuneração menor do que a de homens desempenhando as mesmas funções. Essas distorções, incontestavelmente injustas e injustificáveis são, não só retrógradas, como também inaceitáveis. E eu acredito sim no valor, na força e na importância dos movimentos de luta e mobilização que têm transformado a sociedade ao longo dos anos. Mas ainda assim eu me permito crer que chegará, não só pela mobilização, mas também pela conscientização de todos, seres humanos, o dia, não muito distante (e que eu poderei vivenciar), em que não será mais preciso reivindicar nada, pois tão claro quanto o fato de que o mundo é formado pela diversidade de existências, será a consciência de que os seres humanos possuem muito mais semelhanças do que diferenças e que o sexo e gênero a que cada pessoa pertence não é mais importante do que o fato dela ser humana, demasiado humana. Sim, sou otimista, idealista e, conforme afirmou Marx “tudo o que é humano me interessa”, muito mais do que o “X” ou “Y” da questão.

Miss Marple, final de junho de 2006

segunda-feira, junho 26, 2006

O Mestre

Era uma quarta-feira de tarde quando recebo uma mensagem: “Eu vi o Dalai Lama! Eu vi o Dalai Lama!”.

Dalai Lama estava no Brasil, no final de abril, para um série de eventos. Nesse mesmo dia conversei pelo telefone com a pessoa que enviou a mensagem anteriormente: “Agora eu entendo, Joy, o que você quis dizer sobre o que é estar na presença de uma pessoa iluminada!”

Havia uma energia diferente em suas palavras. Havia, sobretudo, alegria!

Dalai Lama é um mestre, pelo menos essa é a imagem que temos dele.

E quando pensamos em um mestre, nos vêm à mente uma série de qualidades: amor, compaixão, integridade, alegria, compreensão, honestidade, sinceridade, paciência, iluminação, equilíbrio, sabedoria, auto-aceitação, discernimento, perdão, bondade, gratidão, comprometimento, humildade, consciência, entre outros.

O mestre nunca é mestre dos outros e sim mestre de si mesmo. O mestre não vai ensinar aos outros a verdade e sim fazer com que as pessoas descubram a sua própria verdade! O mestre não vai liderar os seus discípulos, nem dizer a eles o que eles devem fazer. Vai apenas compartilhar suas histórias e experiências e emanar, em cada gesto e palavra, energias puras como amor e alegria. Para o verdadeiro mestre, basta ser ele mesmo um exemplo vivo das suas melhores qualidades para fazer a diferença. É o farol que ilumina a escuridão para que os barcos possam decidir a sua rota e seguir o seu próprio caminho mar adentro, seja qual for a escolha feita. Ele funciona como um espelho: nos vemos refletidos em sua imagem e isso nos desperta a buscar todo o nosso potencial, o melhor dentro de nós!

Mas, o principal é que o mestre sabe quem ele é!

Quando descobrimos quem somos, passamos a compreender as nossas atitudes e temos a consciência do que precisamos melhorar, sempre buscando a evolução!

E quando isso acontece, nos tornamos mestres... de nós mesmos!

Enviado por Joy







terça-feira, junho 20, 2006

SIMON ENTEDIA-SE: O BRASIL EM TEMPOS DE COPA!

Sim, sim, sim, eu tenho que confessar a vocês: faço parte dos pouquíssimos brasileiros que não se sentem nem um pouco entusiasmados com os jogos do Brasil na Copa do Mundo de Futebol! Respeito muito quem torce e escreve pela Seleção Brasileira de Futebol (inclusive o Mr. Rufus Melancólico, meu colega de Cafeína, um Lord nelsonrodriguiano das palavras, que escreve aqui às quartas). Enquanto a Alemanha (e o resto do mundo) estremecem com o movimentar de bolas, jogadores e redes (doletas e marcos alemães também, por quê não dizer?!), tenho que procurar algo mais interessante para fazer enquanto cornetas rugem, fogos de artifício estouram e pessoas berram “Brasil” de bêbadas pelas ruas!

Minha relação de farpas com os Mundiais de futebol já é de longa data: sempre achei um absurdo ver o Brasil parar de funcionar por causa da “Seleção Canarinho”. É impossível desfrutar de quaisquer serviços ou trabalhar em paz quando a “Pátria de Chuteiras” está em ação! O que mais me incomoda nesta coisa toda são as especulações a respeito do “Fenômeno”, o artificial sentimento de nacionalismo que se cria durante os meses de junho e julho de quatro em quatro anos e a euforia quase cega que diz que depois de levantar a Jules Rimet o Brasil vai dar certo, enfim: todo esse clima de suposta solidez que logo se desmanchará no ar! É uma pena constatar tamanho sentimento de paixão pelo nosso país se esvai completamente depois da final da Copa...

Uma sábia personalidade de nossa MPB certa vez afirmou que no Brasil há muitas antenas e pouca gente antenada. Não acredito que o Brasil seja repleto de tamanho radicalismo, mas sei que é preciso mais consciência por parte de alguns a respeito do assunto futebol – por que não há tamanha euforia em relação a outros esportes ou em acerca da figura da Daiane dos Santos, ela é tão brasileira e gaúcha quanto o Ronaldinho Gaúcho! Este ano é também um ano de decisões para nós: eleições presidenciais a caminho, pouquíssimas opções de voto para os eleitores, novas possibilidades de cometer erros parecidos quando conquistamos o Penta (ou não?)!

O maior tédio que toma conta de mim quando vejo os noticiários: discutem-se acaloradamente as feijoadas servidas em pratos de pedreiro que o Ronaldinho Gaúcho degusta com plena avidez, fornecem-se os detalhes dos chiliques que o Ronaldo dá ao dizerem que ele está mais para “Fofômeno” do que para “Fenômeno”... Ou seja: durante estes meses de junho e julho, as notas de Caras estão pautadas aos jogos que estão acontecendo na Alemanha. Sim, people, a Copa do Mundo de Futebol também é fofoca!!!

*

A única notícia relevante para mim vinda da Terra das Salsichas e do Chucrute até este momento foi a passagem do humorista Bussunda para o andar de cima. Infelizmente o Brasil perde mais um de nossos embaixadores do riso em tempos nos quais precisaríamos ainda mais de sua presença! Não havia crítico melhor das cretinices de Brasília, da programação capenga da Globo e de outros costumes menos nobres de nossa vida social. O Casseta & Planeta, muitas vezes, atuou como o Onbudsman da própria emissora platinada ao parodiar a programação a qual os brasileiros estão tão acostumados: o Jornal Nacional, o Fantástico e as novelas da TV ficavam completamente irreconhecíveis ao serem atirados no triturador humorístico dos Cassetas. E Bussunda, com sua irreverência e sua aparência inesquecível, era o elemento chave de tamanho humor!

A capacidade que o já saudoso humorista tinha em se transfigurar em personagens femininas inspiradas nas musas das novelas (a consagração plena das antimusas!), ou em jogadores de futebol marrentos, decadentes e sem talento ou na personificação parodiada de Mr. President Lula era de deixar os grandes atores de nossa Dramaturgia com inveja! E o homem definitivamente era um talento para as artes.

É uma pena, Brasil que tu perdes mais um de seus filhos tão cedo! Apesar de Bussunda ter nos feito rir bastante, muitas de suas críticas não eram para rir pura e simplesmente, e sim para pensar nos rumos que tu estás tomando! Talvez a morte do Sr. Casseta sirva para que muitos pensem a respeito dos males que os festejos excessivos e a mediocridade da programação da Vênus televisiva podem fazer a cada um de nós...

Enviado por Mr. Simon

segunda-feira, junho 19, 2006

De dedão

No acostamento, mochila nas costas, braço levantado, punho cerrado, mostrando o dedão. O balanço do polegar, no ar, indica o sentido desejado...

Nos meus 20 anos fui caronista de pequenas viagens de pouco mais de 100 km de distância. Foram algumas dezenas de caronas estrada à fora. Fato que nem Joy-pai e nem Joy-mãe sabem. E como esse blog é anônimo, não vão saber tão cedo...

Pegar carona na beira da estrada é uma arte. E como toda arte tem os seus macetes, como por exemplo não revelar o seu destino logo de cara. Quando o veículo pára, pergunte primeiro: “Para onde você está indo?”. Enquanto a pessoa responde, são alguns segundos disponíveis para se analisar o veículo e o caroneiro. Isso pode ser literalmente vital. Se não sentir uma boa vibração ou se você notar poças de sangue, pedaços de corpos, uma pá no banco de trás do carro, um 38 na cintura, garrafas de Sangue de Boi ou Caninha 51 vazias, enfim, perceber que algo pode estar errado, dá tempo de educadamente recusar a carona dizendo: ”Ah, obrigada, que pena, não vou para lá!” mesmo que este seja o seu destino final.

Nessa mesma época tínhamos (Joy and Friends) o projeto intitulado “viagem sem destino”. Esse projeto consistia em ir de carona, sentido interior, para qualquer destino. Quem decidiria? O acaso! Iríamos para onde o caroneiro fosse. Iniciaríamos a nossa jornada sábado de manhã. No período da noite dormiríamos em algum lugar (hotel, albergue ou pensão, no último caso, no banco da rodoviária) e domingo, provavelmente de tarde, voltaríamos para nossa cidade. Seria uma viagem “a la” Kerouac, mas, claro, sem tanta intensidade quanto o original americano. Bom, até hoje esse projeto literalmente não saiu do papel. E pelo andar da carruagem será apenas uma reminiscência do que poderia ter sido. Até porque, do jeito que as coisas estão hoje em dia, ir “de dedão” não faz mais o meu estilo! Vai que justo nesse dia, meu Anjo da Guarda resolve estar de folga?

Enviado por Joy

quarta-feira, junho 14, 2006

A PELOTA in ExF


Arte força drama glória.

Requinte poder vibração; angústia!

A narração não mente: são sete unidades de vitórias e seis dezenas de derrotados.

O prisma é particular de cada qual, e sob essa água navegam os gizes luzidos do pra sempre e do perecível. Porque nas costelas decompostas dos dados de azar as escolhas são rústicas, enquanto as falanges exaustas dos dados históricos são de um silenciamento ajuizado.

Antes deste singular “tempo de fazer amigos”, 17 Copas mundiais de futebol sucederam-se nos joelhos. 15 países diferentes organizaram esses certames que os dias dos Homens hão de não mais se esquecer. 69 participantes tiveram oportunidades cinematográficas na astúcia de quadriênios intervalos anuais. No entanto, somente 7 países, 7 nações, 7 bandeiras (Brasil, Alemanha, Itália, Argentina, Uruguai, Inglaterra e França), sobreviveram em melífluas de augustas e ásperas vivências nos minutos de pelejas, e postaram-se no eterno das enciclopédias de revistarias, cadernos, jornalões e livretos dessa vasta e densa vereda mundana... Porém, o que se inicia em território germânico é uma inspiração de tinta fresca numa folha polida.

O favoritismo é uma escama de pontiagudas querências de imperfeição!

Mas há na geográfica bota italiana uma beleza mística de envolvimento suprasumático com causas supostamente irreversíveis; Contudo, desta vez a força da azurra chega quieta, num sem som de silêncio esperançoso. A Itália, inconteste marco da escola futebolística, portentosa portadora de três taças do mundo, e de uma culinária de ladrões de bicicleta, temperada por molhos, massas e pães, é o calçado dum grupo elétrico!

Contra os espetos de estréia de Gana, as memórias inesquecíveis da República Tcheca, e os fuzis dos Estados Unidos, o quintal do papa chacoalhará os próprios guizos, teus sinos, as sinas!

Sem temores excessivos, a musculatura africana se resguarda de maiores vexames. E no estilingue, num dispor de confronto belicoso com os americanos do norte, os estadunidenses, os da maximização das coisas, os habilidosos e fortificantes republicanos da extinta Tchecoslováquia, os ímpares tchecos, são os fórceps do teste E. A algaravia bonita de ser vista, e ouvida, e sentida, e lida...

Fode-se aqui.

Se existem olhos mundanos que de esgueiro observam as matreirices que acontecem nos tempos de vida atual, tais olhos apostam e apontam um único selecionado, quase indomável, para a ceia final e a hegemonia irreversível: o Pau-brasil!

Não serão aceitos conformes, mas da Europa a Croácia corrói-se de inveja, da Oceania a Austrália se aferrenha em pesadelos, e da Ásia o Japão jaz em abreviações limitadas...

O grupo F, tratado como pai coruja e óbvio ululante do mais provável futuro campeão mundial de seleções do ano de 2006, da décima oitava Copa do Mundo da Fifa, de todos os adjetivos substantivados e versados em verbos conjugados numa contagem regressiva duma explosão entoada no bojo duma geração de reluzires incauto, é o colóquio, o monólogo do mais conhecido e pacificador uniforme de guerra!

O único país penta campeão do mundo, e o único país dos pelo menos próximos trinta anos a ser enxergado como o maior abocanhador de canecos desse tipo de charme que pára o movimento das ruas, que interrompe a rotina dos povos, que gera um público quase total da população desse planeta de dores, dessa humanidade de horrores, desse cotidiano de desprazeres, dessa vidatoa...

A bola é o mundo! Mas há quem não acredite...

O prisma é particular de cada qual, e sob essa água navegam os gizes luzidos do pra sempre e do perecível. Porque os destinos são lançados a esmo, e o Brasil têm braços e pernas compridas no frenesi dos verdes campos de grama...

Entretanto, fode-se aqui!

Enviado por Rufus Melancólico

terça-feira, junho 13, 2006

SIMON PARABENIZA: “SALVE ILUMINADA ABELHA-RAINHA!

Maria, queridíssima:

Tu que tens o nome da mãe de nosso Senhor Jesus Cristo e que também tens o nome composto da musa cantada há muito por Nelson Gonçalves quando este era um dos Reis de nossa rádio chegaste com plena dignidade e beleza à casa dos 60. Tu que fazes de nós, admiradores e sensibilizados pela sua arte, o instrumento de vosso prazer, sim, e de tua glória, de tua glória. Que continues por muito tempo fazendo de nós, brasileiros, o favo de teu mel, cavando a direta claridade dos céus e agarrando o sol de cada dia com uma de suas mãos.

Tu surgiste, de modo estranhamente Maricotinha, no cenário musical brasileiro em meio a protestos incisivos de nossa música perante a truculência de militares insensíveis, tu enfeitiçaste o Brasil com o vôo de um pássaro malvado e implacável que “pega, mata e come!”, mas com seu talento inconfundível e com a tua autenticidade e a tua dramaticidade, soubeste que ser “Musa da canção de protesto” era muito pouco para definir a beleza de teu canto e tua integridade artística. Decidiste que, naqueles anos 60, o melhor era cantar o nosso passado, resgatar a nossa tradição musical cantando Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues, Pixinguinha, Assis Valente, Wilson Batista, e as belezas do bom, velho e sábio Caymmi, o melhor tradutor de sua terra, a Bahia de todos os santos! Ao mesmo tempo, tu não desprezaste o que a tua geração nos trouxe de melhor: Caetano, Gil, Roberto & Erasmo, Edu Lobo, Gonzaguinha, Joyce, Torquato Neto, Sueli Costa, Ângela RôRô, Chico (ou Buarque, como tu chamas o monumental poeta-cancioneiro de olhos cor de ardósia!) e tantos outros que a sua colméia de sons abriga e já abrigou... Decidiste não participar da Tropicália comandada por seu irmão, mas nunca deixou de ser uma tropicalista avant la lettre, sempre iluminando o que existe melhor nas coisas de nosso Brasil!

No início da década de 70, tu surgiste ainda mais bela e sombria, com a sua Rosa dos Ventos de acordes dissonantes e perturbadores, encantada mais do que nunca, traduzindo através da canção e do auxílio poético de Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Batatinha e outros a Cena Muda e o estado de desilusão provocado pelo “coro dos contentes” com a barbárie e a mediocridade. Tu ficaste ainda mais dramática, quase beirando o trágico, fazendo do Drama individual e coletivo a tua matéria prima, a tua força primária de expressão! Tudo isso orquestrado pela batuta inconfundível de Mestre Fauzi Arap, que era o Maestro dos ventos musicais que tu emanaste a cada espetáculo. A força do humano desde sempre passou a ficar em ti, em teu canto, em teus gestos, em tua expressão, em tua voz grave...

Ainda nesta década de trevas, porém de muita criatividade, tu encontraste alguns de suas referências musicais primordiais: Chico Buarque de Hollanda, em 1975, uma de tuas maiores tradições, seu gêmeo de sensibilidade e versos em uma temporada de shows que virou um dos discos mais importantes da história de nossa música popular. E no ano seguinte, tu compartilhaste o palco com teus irmãos da Bahia: Caetano, o irmão de sangue, também gêmeo de versos e sensibilidade; Gil, irmão em energia e potencialidade e Gal, irmã siamesa, oposta a ti em leveza e no canto, mas complementar em sua estranha magia. Doces e infinitamente Bárbaros, os quatro encantaram o Brasil definitivamente com índios épicos, xangôs meninos, pássaros proibidos, fés cegas e facas amoladas, revelando, em pura gênesis, o que há de mais puro e bonito no seu amor, amando e deixando cantar e correr pelos quatro cantos de vossas artes...

Depois da reunião do quarteto fantástico baiano, tu seguiste pela década de 70 com seus Pássaros (o Proibido e o da Manhã) e chegaste ao ápice da popularidade com o Álibi de nossa canção, e no ano seguinte com o Mel de teu canto, conquistando cada vez os corações de nosso país. Tu adentraste a década de 80 com seu Talismã, garantindo a sua Alteza de Rainha de nossa música, com um poder de Diva e aflorando os Nossos Momentos de alimento e encantamento. Tu resististe às modas ordinariamente passageiras dos anos 80 com força e dignidade, sempre afirmando a liberdade de seu projeto estético, de seu canto ímpar, de sua singularidade. E tu nunca esqueceste de nos brindar com a tua criatividade, revelando um Brasil que poucos conheciam. Com a mesma dignidade tu atingiste a década de 90 em meio a ondas musicais sertanojentas e horrendamente dissonantes.

Entre o início e a metade desta década, tu surgiste belíssima mais uma vez, revirando o cancioneiro de Roberto & Erasmo de ponta-cabeça, despertando para o grande público exigente (e assumidamente truculento) de MPB a beleza e a leveza da obra destes dois. As canções que ele fez para ti passaram a ser as canções que foram feitas para todos nós. E assumimos de vez o que existe de mais lírico e apaixonado em cada um de nós. Sim, Roberto Carlos poderia ser “o cara”, ele poderia ser “quente”! Da mesma maneira que você alertou Caetano antes do Tropicalismo a respeito do Rei, você nos alertou que a majestade também poderia ser cool. Porém, tu também se cansaste das jogadas comerciais das gravadoras e recusaste um segundo convite para reler a obra de Roberto Carlos. Resolveste iluminar com teu âmbar elétrico novas sonoridades e encontraste talentos promissores e juvenis como Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero e Chico César, sem perder de vista Chico & Caetano. No ano seguinte, tu voltaste aos palcos pós-combalida de um câncer, demonstrando o que existe de mais bonito na Imitação da Vida. A tua voz continuava vitoriosa, sua força jamais secaria e o teu talento, amplificado por outros cinco mil auto-falantes.

Em 1999, tu desafiaste toda a nação musical e ouvinte das canções que tu cantaste para nós cantando “É o Amor”, de Zezé di Camargo & Luciano. Mais uma vez, você nos ensinou que bom gosto depende justamente dos olhos que vêem, mas principalmente da voz que canta e interpreta! E nada mais!

E na década de 2000, com a indústria fonográfica já amargando o gosto amargo de fel que produzira, tu provaste que música de qualidade ainda podia ser sinônimo de boas vendas com os seus trabalhos Maricotinha e Brasileirinho. Este segundo trabalho foi, para muitos, especialmente para este quem escreve, a revelação de um Brasil lírico, épico, esplendorosamente macunaímico, porém imperfeito; sem deixar de ser belo e feio ao mesmo tempo: a face e a contra-face do Brasil. Logo depois, tu buscaste a obra menos conhecida do poetinha Vinícius de Moraes, ressaltando a beleza de seus versos e de suas melodias ao mesmo tempo em que tu completaste 40 anos de uma carreira de glórias, sons, gestos e versos!

Minha paixão pelo seu trabalho começou quando tu trouxeste a obra dos Carlos para o grande público de MPB. Com isso, através de uma prima interesseira em ouvir os LPs dos meus pais, descobri o LP Mel dentre aquelas quinquilharias. Seu disco tinha sido um dos vários presentes de casamento deles (meus velhos se casaram no mesmo ano em que tu brindaste o Brasil com este disco!), e logo se tornou um dos meus maiores presentes auditivos por todo o sempre!

Em 18 de junho de 2006, é importante lembrar das palavras do radialista e produtor musical Walter Silva a respeito da RAINHA: “Bethânia é linda. Bethânia é única. Não houve mais nada; houve Bethânia”. Olhos nos olhos, ainda quero ver o bem que você ainda nos faz por 60 anos e mais! Ontem, hoje e para sempre! Feliz aniversário, Maria Bethânia! Que Iansã, Iemanjá e todos os santos te iluminem muito! Do Sr. Simon aqui que te agradece e que te ama bastante...

Enviado por Mr. Simon

segunda-feira, junho 12, 2006

Troca de Esposas


Hoje eu irei dar uma de Danuzah Coelho. Vou escrever sobre um programa de TV.

Mas, não quero dar prêmios, chinelinhos, etc, aliás, coisas que a Danuzah faz melhor. Quero apenas comentar sobre um programa em especial...

Na TV a Cabo há um canal que passa despercebido e que poucas pessoas assistem, chamado People + Arts. Nesse canal passa um reality show chamado “Troca de Esposas”. Esse programa consiste na seguinte dinâmica: duas famílias são escolhidas, previamente selecionadas de acordo com o seu perfil sócio-econômico, moral, ético, etc. As mulheres (esposas) trocam de casa e consequentemente de família durante um tempo, geralmente 10 dias. Nos primeiros 5 dias, elas têm que seguir as regras da casa, realizando as tarefas cotidianas que a esposa oficial sempre realiza. Após os 5 primeiros dias, as coisas se invertem, ou seja, a esposa trocada refaz as regras de acordo com o que ela quer e a nova família tem que seguir essas novas regras.

O mais interessante desse programa é que a produção escolhe muito bem as famílias. As famílias escolhidas geralmente possuem conceitos opostos em relação à determinados assuntos, além de estilos de vida distintos, gerando o conflito e ao mesmo tempo a percepção de que existem outras realidades e outros pontos de vistas. Por exemplo: num dos episódios, houve troca de esposas entre um casal lésbico e uma família ultra conservadora, religiosa e tradicional. Em um outro episódio, houve a troca de esposas entre um casal cujo marido fazia todas as tarefas da casa (a mulher ficava assistindo televisão na cama!) e com outro casal cujo marido não fazia absolutamente nada e a esposa fazia tudo. Em outro episódio houve a troca de esposas entre um casal muito rígido em relação à limpeza e tarefas cotidianas e outro casal mais liberal, com uma quantidade enorme de animais de estimação (mais de 25) andando pela casa em caos total. Dá para imaginar a confusão?

Enfim, cada episódio é uma nova história. E cada episódio é um novo aprendizado. No final, após a troca, os quatro (marido/esposa de ambas as famílias) se reunem compartilhando as experiências que tiveram durante o tempo em que as esposas estavam trocadas. E, para terminar, após um determinado período de tempo (semanas), os casais falam sobre o que essa experiência trouxe para eles.

Geralmente os casais envolvidos mudam de alguma forma. Às vezes percebem que eram muito rígidos em determinados assuntos ou tarefas, tornando-se mais flexíveis. Outras vezes modificam o seu cotidiano para melhor. Mas, na maioria das vezes, passam a dar valor a(o) parceiro(a) e à família que possuem. E só por isso, meus amigos, já vale o programa!

Enviado por Joy

domingo, junho 11, 2006

A VISITA

Há meses não os via e havia prometido uma visita. Nunca consegui amar meus avós, mas sempre adorei as tradições, por isso me esforçava para tomá-los, ao menos, como parte da minha história. Meu avô era mais fácil de gostar: alquebrado pela idade e pelos vícios, tornara-se um velho meigo e carinhoso. Calado as vezes; considerava-se um fardo para a família e ocupava-se apenas em curar suas feridas, tão doloridas e fétidas. Minha avó, contudo, me fazia horror: marcada pela vida com violência e profundidade, o tempo a fez amarga e rancorosa, doente e reclamona. Ainda assim, flutuando no carro de um novo amor, eu rumava para a casa deles. Parei no percurso, embora não soubesse porque, queria agradá-los e resolvi comprar-lhes um doce na padaria do bairro. Pedi para que o novo namorado aguardasse alguns minutos e, enquanto olhava as vitrines de tantos anos de infância, deparei-me com ele. O primeiro deles. O primeiro a percorrer meu corpo, a me invadir com violência, algumas vezes, e com carinho, em outras. O tempo lhe derá alguns quilos mais, tirara-lhe alguns fios de cabelo e o presenteara com uma aliança de casamento. Ele me reconheceu imediatamente. Tremeu como tantas vezes antes, sorriu, suou e, finalmente, me cumprimentou. Falou da casa nova, do emprego mediocre, da esposa maravilhosa, dos filhos por vir e quase falou da vida que não tivemos. Quis se desculpar por alguma coisa que havia me feito, muitos anos antes. Eu desculpei, sem dar muita importância. Resolvi-me pelo doce de chocolate, paguei, me despedi, entrei no carro e tentei lembrar porque mesmo havíamos namorado. O que mesmo me atraia nele? Não consegui lembrar e segui para a casa dos avós. Eles adoraram o doce e o novo namorado. Meu analista, por sua vez, adorou a fantasia e por cinco sessões discutimos os detalhes do meu encontro fictício com o primeiro dos meus homens...


Enviado por Miranda Belvedere

sábado, junho 10, 2006

A Beleza e a Feiura da Inocência


Como é bom ver os jovens! Apesar de sê-lo, não optei em assim agir. Vejo ao longe, com meus 29 anos, jovens de 60, 40, 20... Vivendo a vida de maneira despretensiosa e rampeira. Que delícia é viver assim. Mas ao longe. Bem ao longe.

Dia desses encontrei uma jovem. Nos dois sentidos. 14 anos, mas afirmando ter 16. Ah, essa juventude! Sua mãe contava a mim mais um caso: o cabelereiro da Vila morreu. Mas seu legado já havia sido roubado por seus funcionários, com o aval da família do defunto, que há anos não o via. "Você viu, menino? O que é a vida!". Para mim a história faria sentido num vilarejo em 1520. Mas aconteceu perto da Avenida Paulista, centro da maior cidade brasileira e sulamericana.

Quanto a filha, tudo aquilo era uma bobagem. "Ele não morreu, mãe. Já disse. Quando vocês descobrirem vai ser tarde demais" afirmava em tom de ameaça. "Tudo é uma ilusão, nós estamos numa ilusão". Geração Matrix. Como disse, uma gracinha! Mas de longe. Bem longe.

Tentei explicar. Nos meus 29 anos, minha pele não é mais a mesma. Contei da minha vivência. Tenho uma avó com 86. Sua pele, de tão frágil, não pode mais se ferir. Não há proteção entre pele e osso, de tão... Fino, frágil. Seus ossos, ao cair, com certeza quebrarão. Está na minha frente, sinto com minhas mãos. "Você não entende. É uma ilusão" Está bem, touché. O desespero toma a conta da minha velh´alma. A burrice nesta geração é latente e patenteada. Não há como mudar ou pensar diferente.

Lembrei de Cassiano Ricardo. Cada vez mais estes versos fazem sentido para mim:

“Diante de coisa tão doida

Conservemos-nos serenos

Cada minuto da vida
Nunca é mais, é sempre menos

Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser

Desde o instante em que se nasce
Já se começa a morrer”

Cassiano Ricardo

Contas. Dívidas. Amores. Amigos. E o tempo se esvaire pelas mãos.
Juro que procurei o fio da matrix. A tal pílula que tão piamente a juventude diz existir.

Mas não vi.

Nem eles, na sua inocência superficial, puderam provar. A burrice interna não permite.

Vai, Geração Neos... Vai ser Matrix da vida. Peguem uma corda e se dependurem por aí.
Que falta fazem Grandes Platos nesse mundo...

É duro ser jovem, cheio de energia, e aceitar o inevitável na vida...

Não posso mais julgar. É escolher entre a ilusão... Ou a dura realidade.



<<<<<Enviado por Simon Diz

sexta-feira, junho 09, 2006

Coke Ring







Gostaríamos de agradecer a todos os leitores, amigos e ao editor da Coca-cola pelo Top 10 no Coke Ring...

Valeu!

Enviado por Simon Diz

quinta-feira, junho 08, 2006

Lições duras do amor ou Sobre As Horas

Definitivamente, nos livros o amor é bem mais simples. E patético. Em filmes roliudianos, também. Nas duas afirmações existem exceções, é claro, e nelas me concentro hoje.

Mr. Simon, numa bonita homenagem, escreveu sobre o filme "As Pontes de Madison", dirigido por Clint Eatwood. Neste filme uma mulher com uma vida simples, conhece um fotógrafo (interpretado pelo próprio Clint) e se apaixonado por ele. E, após quatro dias de amor, opta por ficar sozinha. Leia o texto abaixo, compreenderá melhor.

Seria certo Francesca (eis o seu nome) abandonar o seu lar, sua família, e seguir com o seu novo amor? Não acredito nisso. Na vida tendemos a optar pelos extremos. Quando se imagina nas possibilidades, o que se pensa é: a) largar tudo ou b) ficar e se contentar com a vida. Por que precisa ser um ou o outro? Entre essas opções existe outra, a mais justa: o que seria melhor para ela?

Francesca é uma personagem e só consigo pensar estando em seu lugar e, somente assim: não sei o que é melhor para os outros, somente para mim. Neste caso, nenhuma das duas respostas me agradaria. Não sou obrigada a largar mão de tudo. Tão pouco gostaria de ficar, por obrigação, com meus filhos e marido. Seria uma injustiça comigo e com eles.

Se eu fosse Francesca, se estivesse em seu lugar, teria uma sede em conhecer o mundo muito grande. Este fotógrafo seria para mim um sinal. Jamais abandonaria meus filhos. Mas não estaria mais com o meu marido. Optaria por uma vida maior, por descobertas maiores.

Vejo como uma grande injustiça deixar de viver e colocar a culpa nos filhos. Ninguém tem culpa pelos nossos atos. Imagine os filhos desta mulher lendo o seu diário! Eu jamais perdoaria minha mãe.

Bem. Isto é sobre a Ponte. Vamos "As Horas", filme que trata, no meu ver, o mesmo assunto sob um outro ângulo.

Esta obra conta a história de três mulheres, todas elas tendo como base o livro "Mrs. Dalloway", de Virgínia Wolf.

A personagem
Meryl Streep again. Numa atuação espetacular, novamente. Ela é Clarissa Vaughn, escritora ocupada em planejar a festa para o seu melhor amigo escritor que está morrendo. Naquele dia, independente da vontade de todos ao seu redor, seu pensamento é esta festa. Quais seriam as melhores flores, pratos perfeitos para os dias, convidados... Tudo para não se aprofundar no principal problema. Richard, o aniversariante, quer morrer. Está cansado.

Clarissa não o compreende. Ele tem que viver, não por ele, mas por todos! Mas ele quer morrer. Egoísmo, excentricidade, loucura, satanismo? Enfim, isso não importa. O ponto é: a vida é dele.

A escritora
Outra mulher: Virgínia Woolf. Interpretada por Nicole Kidman. Perdida em sua loucura, cansada, doente, tenta escrever seu romance, "As Horas". Mas não vê sentido em sua vida. Seus sentimentos invadem suas entranhas de forma descontrolada e aquela mulher que só sabe pensar se perde neles. Ama seu marido, mas sente atrações estranhas até mesmo pela sua irmã. Tão contida, não consegue ordenar suas paixões e desejos. Tem aos seus pés um abnegado marido que luta pela sua vida, para que ela viva. E esquece, ele mesmo, de viver.

A leitora
Terceira e última: Laura Brown. Interpretada por Juliane Moore. Esta personagem, para mim, é a mais expressiva do filme e por isso quis escrever sobre ele hoje. Calma, você já vai entender.
Laura Brown é casada. Tem um filho. Está grávida de outro. E, certo dia, começa a ler o livro de Virgínia Woolf. Percebe, logo de cara, como é a vida. As pessoas fingem que tudo está bem e, como uma mentira contada mais de cem vezes, tudo fica bem. Ou deveria ficar. Se não estiver, é só fazer uma festa!

Então, Laura Brown deveria estar muito feliz. Era casada com uma marido trabalhador. Seu filho era saudável, carinhoso e inteligente. E se tudo estava um pouco monótono... Ora, vejam só! Havia o aniversário do seu marido. E o bolo! Tem como não ficar bem?

Mas não estava. O que havia de errado com ela, hein?

Laura não precisou falar. Quando seu marido chega em casa, em uma frase, resume toda a aflição desta mulher:

"Quer saber como eu me apaixonei pela sua mãe, filho? Pois vou lhe dizer. Quando fui para a Guerra, apesar de todos os problemas, não conseguia tirar da minha cabeça aquela menina estranha... Laura Brown. Ela era tão esquisita e parecia ser tão infeliz que eu pensava... Quando voltar da guerra vou casar com essa mulher. Ai sim, ela será feliz!"

Que presunção é esta? Como pode alguém ser dono da felicidade de alguém! Este homem deveria buscar a sua felicidade e não a dos outros. Em seu afã de ser herói destruiu a vida de Laura Brown. Com certeza não era este o seu propósito. Mas quem disse que o ser humano nasceu para ser superman?

Por aprisionar seus sentimentos, Laura era um vulcão. Sentia desejos, paixão por aquilo que não conhecia. Sentia atração por sua vizinha e via nisto uma loucura. Seu final, portanto, devia ser a morte. Mas a vida não é assim. E ela viveu. Abandonou a família. Filho. E foi ser bibliotecária numa cidadezinha.

Fim do filme. Surge a mãe de Richard (o escritor para quem Clarissa prepara a festa). "Eis o montro", anunciam. Eis a surpresa, sua mãe é... Laura Brown! Todos a olham, a condenam. Porque não foi como Francesca (e eis porque escrevi esta Bíblia sobre o filme "As Horas)? Porque não ficou com seu amado marido, seu lindo filho? Monstro, monstro! Segue o diálogo:

"Laura: É horrivel sobreviver a família, Miss Vaughan. E é claro, todos nos sentimos indignos. É uma sensação de não merecimento. O fato de sobreviver, e eles não... Ele me fez morrer no Romance, e eu sei porque.
Clarissa: Você o abandonou quando pequeno!
Laura: Sim, abandonei meus dois filhos.Dizem que é o pior que uma mãe pode fazer... Você tem uma filha.
Clarissa: Sim.
Laura: E você a desejou?
Clarissa: Sim!
Laura: Então você é uma mulher de sorte. Há horas na vida de uma pessoa em que ela se sente deslocada e quer se matar. Uma vez, fui num hotel. Naquele dia tive a idéia de abandonar minha casa assim que meu segundo filho nascesse. Um dia acordei, fiz o café, andei até o o ponto de ônibus e fui embora. Deixei um bilhete.
Seria ótimo poder dizer que me arrependi, mas o que é se arrepender? Se arrepender quando não há opção? É o que se pode aguentar.
É isso. Ninguém vai me perdoar.

Era a morte.

Eu escolhi a vida."

Foi o mais justo para ela. Pena que Francesca morreu.

Mr. Simon, obrigada pelo seu texto. Fez alguns neurônios se mexerem, como bem vê!

Mais sobre o filme:

http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/the-hours/the-hours.htm
http://cinefilia.fezocasblurbs.com/archives/001585.html
http://www.cinemando.com.br/arquivo/filmes/ashoras.htm


Enviado por Jussara Justa