No acostamento, mochila nas costas, braço levantado, punho cerrado, mostrando o dedão. O balanço do polegar, no ar, indica o sentido desejado...
Nos meus 20 anos fui caronista de pequenas viagens de pouco mais de 100 km de distância. Foram algumas dezenas de caronas estrada à fora. Fato que nem Joy-pai e nem Joy-mãe sabem. E como esse blog é anônimo, não vão saber tão cedo...
Pegar carona na beira da estrada é uma arte. E como toda arte tem os seus macetes, como por exemplo não revelar o seu destino logo de cara. Quando o veículo pára, pergunte primeiro: “Para onde você está indo?”. Enquanto a pessoa responde, são alguns segundos disponíveis para se analisar o veículo e o caroneiro. Isso pode ser literalmente vital. Se não sentir uma boa vibração ou se você notar poças de sangue, pedaços de corpos, uma pá no banco de trás do carro, um 38 na cintura, garrafas de Sangue de Boi ou Caninha 51 vazias, enfim, perceber que algo pode estar errado, dá tempo de educadamente recusar a carona dizendo: ”Ah, obrigada, que pena, não vou para lá!” mesmo que este seja o seu destino final.
Nessa mesma época tínhamos (Joy and Friends) o projeto intitulado “viagem sem destino”. Esse projeto consistia em ir de carona, sentido interior, para qualquer destino. Quem decidiria? O acaso! Iríamos para onde o caroneiro fosse. Iniciaríamos a nossa jornada sábado de manhã. No período da noite dormiríamos em algum lugar (hotel, albergue ou pensão, no último caso, no banco da rodoviária) e domingo, provavelmente de tarde, voltaríamos para nossa cidade. Seria uma viagem “a la” Kerouac, mas, claro, sem tanta intensidade quanto o original americano. Bom, até hoje esse projeto literalmente não saiu do papel. E pelo andar da carruagem será apenas uma reminiscência do que poderia ter sido. Até porque, do jeito que as coisas estão hoje em dia, ir “de dedão” não faz mais o meu estilo! Vai que justo nesse dia, meu Anjo da Guarda resolve estar de folga?
Enviado por Joy