quarta-feira, junho 07, 2006

A PELOTA in GxH

O indelével da vida: durante as noites os tons são escusos e durante os dias as cores se vão nos intensos.

São os azuis franceses contra os vermelhos suíços versus o rubro espanhol contra o amarelo ucraniano. Ou o verde das arábias na disputa com o branco tunisiano no embate com o ouro africano na contenda com o sangue asiático.

Tudo que é íris no lumiar. Luminar!

Os algozes se enquadram nas desavenças. As hastes levantadas, flamejadas, rodopiadas nos concentros de G e H são as de espreita. Os felinos da quietude. As idiossincrasias de passados sem tradição ou envelhecimento humano de imortalizados...

Já é de longe que a fúria dos toureiros espanhóis se arrefece quando salta da arena num bufar de chifrada colerizada e se atropela em tropeços nos próprios cravos de seu manto rubro enraivecido. A Espanha vêm com estandarte clubístico: dona do mais elegante campeonato nacional de clubes, a pátria dos quixotescos nunca que ergueu numa brabeza o troféu de maior resplandecer desse pedaço de terra. Na promessa sem coro de uma ineditez sem precedência, os sobrinhos de Pablo se esconderão num cartel de guaxes!

Suíça, Togo, Tunísia e Arábia Saudita formam um arco-de-cores manco: uma galinha de verdura, uma presciência alva, uma irresponsabilidade amarela, um cuco vermelho. Distantes de qualquer histórico favorável ou peça de engrenagem talentosa, os debutantes de Togo, a inocuidade saudita, o despreparo suíço, e a elipse tunisiana são candidatos fervorosos a uma destinada coadjuvância eclíptica dos luzimentos de um lugar ao sol. Ermitões da crônica de um paliativo festivo anunciado!

Há ainda, num foco de profundidade fotográfico, os suspeitos capitalizados: a Ucrânia do Leste esquartejado, e a Coréia dividida em dois pontos cardeais são os distintivos que se unem numa possibilidade gloriosa em meio ao breu de lunares e solares. Os puxados coreanos do Sul não mais terão o apoio da violência ensurdecedora de seu caseiro mar vermelho. Com currículo de estádios e avenidas inundadas nos dias de quatro anos atrás, os velozes e desesperados, os asiáticos mais bem colocados da história das Copas, se achegam para mostrar o é ou o não é! Enquanto que os pastos amarelados dos ucranianos brotaram no ínterim, o perigo de finalizações certeiras, arrancadas fulminantes, tabelas envolventes, e a caixa-surpresa!

Porém, o dominador comum é azul, Les Bleus: os franceses de tantas revoluções, e de tantas filosofias, e de tantas diretrizes, e de tantos vinhos, e de tantas culinárias, e de tantas literaturas, e de tantos cinemas, e de tantas pinturas, e de tantas histórias, e da Marselhesa, e de um título mundial vigoroso, surgem por entre os escombros da senilidade física, no derradeiro drible de sua imortalidade! Jogadores e torcedores reconhecem sua despedida. O tempo vai cruel no estabilizar dos órgãos e músculos, dos sustentáculos. A altivez e a derrocada são as opções de um fim de abraços entoados em iluminismos de uma vertente tão graciosa quanto lastimável... O término é sempre doído! E a França não deveria de acabar nunca.

Enviado por Rufus Melancólico