Era domingo, mais um, recheado por elementos de sempre. A guerra sem preço pela audiência dominical; o rechonchudo do canal global versus enrustido oxigenado já saiam de cena para dar espaço a um show ainda mais apelativo. Horário nobre, na maior emissora do país, transmissão de trechos do documentário : Falcão os meninos do tráfico. Cinqüenta e quatro por cento da audiência ali perplexa e eletrizada com as cenas violentas do ‘novo’ produto.
A exibição do documentário foi adiada por três anos; o autor. MV BILL, queria fazer algo, tentar mudar o destino dos personagens reais, para que não morressem. Por isso, talvez, tenha demorado em fazer a divulgação desse documentário.
Três anos após a primeira data de lançamento vem a público da forma mais torpe e manipulatória possível.
A preocupação com a morte dos meninos era real? Hoje, dos dezesseis entrevistados, só vive UM..
Tenho minhas dúvidas se existiu mesmo essa preocupação. Mal sabe esse pobre e arrogante pseudocineasta que está sendo massa de manobra para manipular.
Porque esse documentário está sendo exibido só agora? Isso não tem nada haver com a corrida eleitoral?
Existe forma mais suja para comover a classe média do que recortar um documentário e exibi-lo em cadeia nacional?
É fácil comover a classe média ao se exibir mazelas e pontos torpes da sociedade, onde os valores tortos, falta de oportunidade e desejo pelo poder se confundem.
Ninguém tem coragem de fazer nada, por isso as cenas comovem.
Ficam só na emoção.
Ninguém vai ate a Cidade de Deus ver tudo aquilo de perto.
As frases recortadas da tela foram parar em revistas e jornais, continuando o transe e apelo emocional usa-se :
“O fuzil AK-47 é meu melhor amigo”
“Meu pai só chegava em casa para bater na gente, tenho 17 anos e nunca tive um aniversário”
Fica aí uma questão: até quando vamos ficar só na emoção? Só na crítica ? O abandono social faz com que a classe média se sinta comovida. Mas é só isso? Só emocionados ficaremos?
Precisamos nos mobilizar, fazer algo de concreto.
Faça a sua parte. Começar a pensar como podemos fazer já é o primeiro passo.
Eu farei a minha.
“Ajudar no mínimo para você pode ser muito para quem recebe”
Até a semana que vem.
Enviado por Cat Lecat