Odeio blogs. Detesto-os, considero-os algumas das coisas mais abomináveis e repugnantes das inúmeras que podem ser encontradas na Internet. Não entendo o que faz uma pessoa considerar que sua vida medíocre pode ser interessante. Mais do que isso, não entendo como uma pessoa mediana, que expõe de modo imbecil sua privacidade, pode considerar que suas idéias sobre o mundo e a realidade podem ser interessantes. Não consigo - e me esforço - compreender o processo pelo qual consideramos que a formação de nossa identidade liga-se necessariamente a um outro processo, que consiste na exposição pública e sistemática de uma auto-imagem pretensiosa e desmedida. A vigência parece ser aquela segundo a qual nossas vidas apenas tornam-se valoradas se puderem ser expostas para a apreciação dos demais. Se fossemos gregos ou romanos, ao menos, gostaríamos de ser lembrados por feitos nobres e honrados. Como nem sabemos o que somos, gostamos de ser lembrados como qualquer coisa, desde que sejamos lembrados. E eu não estou isenta, afinal escrevo para um blog. Pior, não há quaisquer ganhos envolvidos, nem financeiros, nem intelectuais. Minha conta bancária não é acrescida em um centavo, em função das horas que passo em frente ao computador, digitando palavras e organizando frases ácidas para serem publicadas em um blog. Não posso nem mesmo utilizar tais publicações no meu curriculum; aliás, devo dizer, teria vergonha de confessar que dedico horas da minha vida à escrita de notas para um blog; por isso me escondo ordinariamente nas sombras de um pseudômino. Oras, então porque vocês estão lendo essas minhas palavras justamente em um blog? Por conta de um pedido de uma grande amiga. Isso mesmo, uma amiga, para quem já não posso negar quase nada. Ela pediu minha colaboração e eu achei que sofreria menos colaborando, do que lhe negando mais um pedido. Eu sei, preciso de análise. Mas, nem mesmo isso me exime. Se os meus princípios fossem mesmo relevantes, eu teria negado. De qualquer modo, insisto: odeio blogs e os considero uma inutilidade. Por isso, meus caros leitores, desliguem o computador e LEIAM UM LIVRO. DESLIGUEM ESSA PORRA, CARALHO! Leiam uma BUCETA DUM LIVRO! E não se atrevam a começar com um livro ridículo de merda de auto-ajuda ou uma daquelas imbecilidades levianas e mal escritas do Paulo Coelho!
Enviado por Miranda Belvedere
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