segunda-feira, julho 22, 2013

Depressão S.A.

"Desculpe, moça. Eu tenho medo. Só converso com você, sabe. Eu tenho medo de cair de depressão (sic) de novo..."

Ouvi essa frase de uma jovem, bonita, com 18 anos. Ela é atendente em uma lanchonete mas não sabe muito bem qual carreira seguir.

Enquanto leio os jornais e tomo o meu café ela vem sorrateiramente ao meu lado e sorri. "Uma média, né?". Eu aceno a cabeça. E ela traz.

"Gosto tanto de você". Eu também gosto dela. Naqueles momentos silênciosos da manhã seu rosto juvenil é um deleite.
Sexta-feira sua avó morreu. Encostou ao meu lado, desabafou. Chorou. E disse que não confiava em ninguém no mundo, tinha muitos amigos mas ninguém, e que eu, justo eu, era a única pessoa ali digna de confiança.

"Eu não quero mais entrar em depressão!". Com 18 anos? Tentei compreender. "Linda, pode ser o momento. Ninguém confia em ninguém, vivemos fechados, mal olhamos para o lado, estamos nos afastando um dos outros." . Meneou a cabeça. "Eu não confio em ninguém."

Hoje possuímos uma facilidade de comunicação fantásticas, meios de transporte, TV, internet, o caralho a quatro. Mas nos enfiamos tanto no virtual que esquecemos do pessoal. Esbarramos nas pessoas e não vemos. Não existe bom dia. Sobra desconfiança. Pululam depressões.

Vivemos mais e nem por isso apreciamos a vida. Estamos sempre apressados, correndo, postando, cumprindo prazos, trabalhando muito, ganhando pouco...

Que vida é essa que impomos a nós mesmos?

Sinceramente

JJ